INF Eu ainda hei-de perguntar à Elsa. Porque era: aquele livro tinha muitas histórias antigas. Parece que era: chamavam-na [pausa] a dona… [pausa] Nem sei que nome. Agora já nem me lembra! [pausa] Estava a filha… [pausa] Estava a mãe sentada à porta. [pausa] Nem sei como é que a ele chamavam. Eu hei-de perguntar à Elsa se lá tem no tal livro. [pausa] Antigo! [pausa] A minha tia lia aquelas histórias. Lia aquelas histórias, uma coisa muito bonita, não é? E depois a filha estava [pausa] a filha estava… A mãe estava assentada à porta. Chegou um passageiro e pediu pousada. [pausa] Pediu pousada mas combinou com a mãe da moça para lhe dar a filha. [pausa] E ao outro dia… Com-, ela com- A mãe combinou com ele para para a filha lhe ir ensinar o caminho. Ao outro dia levantou-se e disse: "Pega, minha filha, na roca e no linho, vai com o triste cego ensinar-lhe o caminho". [pausa] A moça [pausa] pegou na roca e foi ensinar o caminho ao cego. Lá chegou uma certa altura que lhe disse ela assim: "Agora, já fica o caminho… O caminho já está seguido. Adiante cego que lá vai o caminho". E ele disse-lhe assim: "Ande cá menina até mais além, sou curto de vista, não vejo bem". A mocinha foi até mais além. Quando viu que ela que já não podia tornar para trás, que já não lombrigava a casa da mãe, [pausa] ficou a ver – pois ele não era cego; ele tinha combinado com a mãe para a filha para lhe dar a filha. [pausa] Afinal, lá ficou. Lá foi a moça. Depois dizia então: "Adeus minha mãe, adeus minha meu palácio, foi uma ingrata para mim"! Porque foi à falsa. Foi falsa à filha. E depois nunca mais viu a mãe. [pausa] Também é fraca mãe, não era verdade?
INQ Então não era?!
INF Sem combinar com a filha, nem nada, e, e e: "Pega, minha filha, na roca e no linho, vai com o triste cego ensinar-lhe o caminho". [pausa] A mocinha fez o que a mãe lhe mandou. [pausa] Quando chega lá longe, ela disse-lhe: " Adiante cego, lá vai o caminho"! E ele disse-lhe: "Ande cá menina até mais além. Sou curto de vista, não enxergo bem". Porque ele lembrava-se que ela que tornava para trás. Depois já não tornava que depois já não sabia e ele lá a agarrou, lá foi. Afinal das contas que a minha a minha [vocalização] … Eu hei-de ir a casa da Elsa [pausa] e hei-de perguntar-lhe se lá tem esse livro. Que é um livro muito antigo e tinha muitas histórias bonitas. Eu hei-de lá ir. Hei-de lá ir a casa da Elsa. Porque [vocalização] a minha tia tinha lá aqueles livros na mesa e depois ela, quando a tia morreu, ela… A irmã deu-lhe a mesa, consoante o que lá havia, lá levou para, para o para o irmão. Ele lá levou e se lá tem esse livro, que não deram por lá cabo dele, eu hei-de-lhe pedir. Porque tem coisas muito antigas!
INQ Está bem.
INF Eu hei-de lá ir. Se calhar até vou por ali. Vou por ali, vou lá a casa dela. Eu vou lá a casa dela. E procuro-lhe. Se ela lá tiver o livro, [pausa] porque era era um livro com… A minha tia, pronto, é como ela. Lá se entretinha, lá lia aquelas aqueles livros antigos, aquelas histórias, não é? Agora eu nunca li. Lia… Eu lia mas ele depois assim que me casei depois já não tinha vagar – não era? –, não tinha vagar de ler, nem coisíssima, nem escrever. Deixei esquecer tudo. O mais, eu aquilo sabia ler e escrevia e aquilo. Mas depois a minha vida era trabalhar, trabalhar, trabalhar. Pronto, lá esqueceu tudo. E minha tia lia aqueles livros. E ela também. Porque ela também lia e, tudo aquilo, sabe-as. Eu é que não. [pausa] Mas eu vou-lhe lá. Se lá estiver o livro, ela dá para cá. E depois lêem e já sabem. Eu vou-lhe lá.
INQ Está bem.
INF Eu vou lá.