INQ E aquela coisa que lhes cresce, assim uns papos?
INF1 É, é É papeira.
INF2 Tesorelho.
INF1 É papeira ou tesorelho.
INF2 O nome daquilo mesmo é tesorelho.
INF1 É o tesorelho, mas lá na na cidade é a papeira.
INF2 Antigamente era assim que se dizia: tesorelho.
INF1 É. O tesorelho.
INF3 O tesorelho, é.
INF1 Eu já o tive. Eu, já o tive.
INF2 Também eu.
INF1 Já estive a morrer com ele no Hospital do Rego em Lisboa! Deu à minha Eunice primeiro, que era ainda pequenita. E a pequena, é claro, ela lá se lá me apegou a mim. Eu fui para o Hospital do Rego, não foi? Estive mesmo a morrer. Deu-me junto um bocado de tifo, deu-me isso e o tifo.
INF2 Foi [vocalização] . Nem tinha visitas.
INF1 Foi, estive mesmo a morrer.
INQ Olhe, quando dá um ataque de paralisia, as pessoas ficam como?
INF1 [vocalização] Paralíticos d- do braço ou [vocalização] duma perna.
INQ Só se diz paralítico?
INF1 É paralítico, é.
INF2 É só paralítico.
INF1 Paralítico.
INQ Entrevado não se diz?
INF1 Ou entrevado.
INF2 Ou entrevado, mas a palavra…
INQ Olhe então…
INF2 Pois, até que, até que até que a palavra mais mais antiga é encravado. Encravado, é.
INF1 Entrevado. Entrevado.
INF2 Entrevado, entrevado. Que era essa coisa. Agora é que já não dizem isso. Dizem paralítico. Mas não nesse tempo ainda não existia.
INQ Olhe, e aquela doença que, que dói, começa… Quando muda o tempo começam a doer?…
INF1 Reumático. Reumatismo.
INQ E quando a pessoa está doente dos pulmões, diz que está?
INF1 Tuberculosa.
INQ Só se diz assim também?
INF1 Cá é.
INQ E quando dão aquelas coisas que a pessoa cai para o chão e começa a deitar espuma pela boca, é o quê?
INF1 Ah, isso são ataques epilépticos.
INF2 Ataques [vocalização]…
INF1 Epilépticos.
INF2 É.
INF1 Davam a um irmão meu que morreu afogado, coitadinho, com eles. Foi para uma terra e depois [vocalização] não trazia lá ninguém ao pé dele, ele andava perto dum poço, aquilo virou-se… Ele [verbo] muito, caiu para dentro do poço, não sabiam dele, foram lá dar com ele afogado. Um homenzarrão!