INF1 Ó minha senhora, no Verão a gente levanta-se cedo, aí às seis horas, cinco e meia.
INQ E o que é que comem logo que se levantam?
INF1 Alguns comem, outros não comem. Há pessoas… Olhe, nós andámos em jejuns até agora que comemos ao meio-dia. E Mas há pessoas que logo de manhã comem um bocado de pão com azeitonas, ou com bacalhau, ou com queijo, ou com ma- marmelada.
INQ Logo às seis da manhã?
INF1 Logo de manhã, minha senhora.
INQ E isso é o quê?
INF1 E outros tomam o cafezinho.
INQ E chama-se a isso o quê?
INF1 O pequeno-almoço.
INQ E chamou-se sempre assim?
INF1 Sempre. O pequeno-almoço.
INQ E depois aí por volta das dez da manhã?
INF1 Das dez da manhã, às vezes, come-se uma bucha. Chama a gente uma bucha. Às vezes [vocalização] um bocado de pão com qualquer coisa.
INQ Olhe, e depois… Isso é o quê?
INF1 É uma… Chamamos uma [vocalização]… É essa, o- "Olha, vamos comer uma bucha antes de"… Quando a gente às vezes vai mais tarde com o jantar, come-se uma bucha. [vocalização] Ou uma bucha de de presunto, ou uma sardinha, [vocalização] ou assim qualquer coisa.
INF2 Qualquer coisa.
INQ Então e o jantar a que horas é?
INF1 O jantar é ao meio-dia, uma hora.
INQ Então e o almoço a que horas é?
INF1 Lá Cá chamam-lhe o jantar. Nós lá chamamos o almoço ao meio-dia [pausa] e o jantar à noite.
INF2 Na cidade é. Pois.
INF1 E aqui chamam a ceia à noite e ao meio-dia o jantar.
INQ Pois. Mas sendo o meio-dia, ao meio-dia sendo o jantar, a que horas é o almoço? Não é o tal da, da manhãzinha?
INF1 [vocalização] Não. Agora daqui para diante almoçam… Muita gente almoça logo de manhã.
INF2 Pois é.
INF1 É. E [vocalização] E [vocalização] outra é logo de manhã cedo. Aí às sete, oito horas. Às nove horas.
INF2 Sim.
INF1 Às nove é que é o almoço.
INF2 É que é o almoço.
INF1 À uma hora é o jantar.
INF2 É ao meio de…
INF1 O jantar. E à noite, aí às nove da noite, é a ceia.
INF2 É a ceia. Chamam-lhe a ceia.
INF1 Mas quando é no Verão, ali à ali às seis da tarde [vocalização], chamamos nós a merenda. Be- Quando a gente traz pessoal [pausa] é a merenda.
INF2 A Senhora dos Remédios amanhã já é o lanche, já passa. A Senhora dos Remédios já leva a gente…
INF1 Leva a gente o o que calhe. Tratam-se bem cá as pessoas. A minha cunhada no outro dia trouxe lá a tirar as batatas, fez um bocado de massa com coelho, fez [vocalização] feijocas guisadas com trigo…
INQ Isso é a merenda?
INF1 É a merenda. Queijo e, e e uma fritada grande de ovos com carne e batatinha assim tudo na frigideira, uma fritada assim grande. [vocalização] Não passam mal, cá não se passa mal.
INQ E depois à ceia?
INF1 À ceia, é batatinhas, aqueles que as querem; outras vezes só comem… Nós só comemos a sopinha. Mas há muita gente que come um bom prato de batatas. O meu Emanuel come! O meu Emanuel antes quer um prato de batatas do que quer a sopa. Ele não é muito amigo de sopa, não.
INF2 Ah!
INF1 E eu gosto mais da sopinha.
INF2 Ah, pois.
INF1 Gosto mais da sopinha.
INQ Olhe, mas no Inverno não é assim, pois não?
INF1 É a mesma coisa, minha senhora. Só se não merenda. A quem apetece comer uma côdea, come, mas quem não tem…
INQ E a ceia é mais cedo, não é?
INF1 A ceia é sim, minha senhora. Aí às oito horas. [vocalização] Oito horas, sete e meia. Oito horas.