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LUZ14

Vale Chaim de Baixo, excerto 14

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Cirilo Ciro

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INQ Como é que era quando, como, quando, quando vão apanhar as uvas, quando vão E o que é que fazem depois com elas?

INF1 Então, levam, levam levam uma podadeira. Para apanhar os cachos de uvas, levam uma tesoura. Pois.

INQ Rhum-rhum. E vão pondo esses cachos?

INF1 E depois vão pondo os cachos dentro, dentro da, dentro dentro das canastras.

INQ Não dão outro nome a essas canastras?

INF1 Não.

INQ É canastras?

INF1 Umas canastras. É mesmo canastras.

INQ E, e depois?

INF1 Pois. Depois prantam-nas às costas e carregam para dentro do para dentro do do coiso, do dos baldes, do, do dos potes. Vai uns potes, vão vão aqui os tractores. Quem diz os Pois é os tractores que vão com umas caixas em cima, uns depósitos dentro, e despejam para dentro. Pois.

INQ E antigamente quando não havia tractores?

INF1 Quando não havia tractores?

INQ Sim.

INF1 Quando não havia tractores, era nas carretas e às costas. Pois.

INQ E depois levavam essas uvas para onde?

INF1 Levavam para a, p-, p- para a lagariça, para o lagar. Pois, era para a lagariça mesmo. Para a lagariça.

INQ E quando chegavam onde é que deitavam as uvas?

INF1 Deitavam Deitavam dentro da lagariça; [pausa] e depois de deitarem para dentro da lagariça, [pausa] iam para uma mancheia deles. Pois.

INQ Fazer o quê?

INF1 Agarravam-se a umas cordas e toca de dançar alá dentro, partindo aquilo tudo, arregaçados até o joelho. Arregaçados até o joelho e toca a patearem. Pois. Por vezes Pois. Era isso.

INQ Pois.

INF1 E depois [vocalização] aquilo

INQ E depois?

INF1 Depois aquilo ia-se espremendo dentro. Aquilo estava tudo fechado dentro. Aquilo a lagariça estava tapada. Aquilo ia-se enchendo-se, enchia-se.

INQ Pois.

INF1 E depois [vocalização] [pausa] deixavam-na estar. Pois. Deixavam estar, aquilo apurava tudo acima e depois começavam a tirar as gingalhas, os cachos, aquela aquelas impurezas, aquelas das peles, ali tudo, apurava tudo em cima.

INQ Rhum-rhum.

INF1 Três dias. Parece-me que aquilo que eram três dias. E depois de apurar três dias, abriam por baixo, e era coadinho, , para dentro das bilhas. Para dentro das, das das pipas.

INQ E estava pronto?

INF1 E estava pronto. Não estava pronto!

INQ Então?

INF2

INF1 Pois. Depois ia para dentro do das pipas,

INQ Pois.

INF1 e depois estava a cozer.

INQ Pois.

INF1 Depois até até pegavam num pero, [pausa] punham na boca do, do barr- do barril, na boca por cima: a pipa estava cheia, assim deitada tinha uma boca por cima donde tinha o coiso e pegavam num pero sadio e punham-no ali. Quem diz um pero, diz um marmelo.

INQ Rhum-rhum.

INF1 Sucessivamente uma peça qualquer.

INF2 Uma fruta qualquer.

INQ Sim.

INF1 Quanto mais mais bem cheirosa fosse, melhor. O vinho depois recebia aquele [pausa] aquele gosto.

INQ Ah! Pois.

INF1 E quando o pero fosse estando podre, o vinho ia estando cozido.

INQ Ah!

INF1 Pois. Isto era mais mais parte era um pero.

INQ Pois.

INF1 Mais A coisa mais principal. Um pero ou uma pera.

INF2 Pois.

INQ Pois.

INF1 Pois. Punham ali. Quando o pero fosse estando podre [pausa] Deixa que [pausa] que o pero estivesse quase podre na boca do da bilha, [pausa] podiam ir provar o vinho, que estava bom.

INQ Rhum-rhum.


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