INF Depois raspavam aquilo tudo.
INQ E depois?
INF Depois daqui– Depois de aquilo estar tudo raspadinho, [pausa] era muito bem lavado, depois era debuchado.
INQ Mas não o deixavam um bocado? Não o penduravam?
INF Não. Não pendura-.
INQ Nunca? Aqui não era hábito?
INF Não se Não se pendurava nada! Aquilo ali era, era era acabar de matar, raspá-lo, afogueá-lo, tirar-lhe… debuchá-lo. Debuchavam as tripas ali para dentro, tiravam as tripas para dentro dum alguidar, logo ali uma mulher ou duas a desmanchar as tripas… Acabavam de desmanchar as tripas, pegavam no porco… [pausa] Umas vezes partiam-no à metade do meio, punham lá em cima [vocalização] das bancas… E deixavam-no estar. [pausa] Pois. Depois no outro dia – aquilo já tenro, já a carne já estava toda fresquinha, bem fresquinha – é que pulava lá um homenzinho ou dois, começavam, chamava-se desmanchar. Desmanchavam o porco. Depois de o porco estar todo desmanchado, [pausa] as banhas eram para fritar. E estavam ali as mulheres que picavam a carne que era para as linguiças, a carne que era para as chouriças. Pois. Nesse dia, nesse dia, no outro Nesse dia que se desmanchava o porco, fo- à noite faziam as chouriças. Picavam as carnes das linguiças, nesse dia também faziam a conserva. Ficavam ali [pausa] três dias na conserva. Depois desse dia, desses três desses três dias na conserva, faziam então as chouriças, as linguiças. Penduravam depois: arranjavam uns varais, penduravam ao fumeiro e vá fogo por baixo, assim um bocadinho longe. Aquilo iam corando, iam corando, iam corando, que essas é que eram saborosas!
INQ Ui! Essas é que eram!
INF Essas é que eram saborosas!
INQ Pois.
INF Pois.