LUZ45

Vale Chaim de Baixo, excerto 45

LocalidadeVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
AssuntoOs animais bravios
Informante(s) Cirilo Cloé

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INQ1 Isso ataca. Atacava os rebanhos das ovelhas.

INQ2 Isso é mesmo. Antigamente, aqui não devia haver.

INF1 Ah, este era o lobo.

INQ2 Não havia?

INF1 Havia. Oh, havia?! O lobo?! Oh! Sei uma história do lobo, mas

INQ1 Então diga.

INF1 Mas ele ainda é grande! Pois, é grande?! É pequena. É pequena, que isto são coisas E foram E foram coisas que aconteceram.

INQ2 Pois.

INF1 Pois. Foi coisas que aconteceram.

INQ2 E então conte .

INF1 Pois. Havia um lavrador que tinha um criado. Pois.

INF2 É melhor desligar isso.

INF1 E então o criado ia deitar todas as noites ia deitar o galo o gado para a para a malhada. E então, haviam muitos muitas galinhas em casa, no no monte, e onde havia um galo que todos os dias, aquando ele ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Pois. Cantava, cantava, cantava ali um belo pouco. Pois. Ele ia pôr o gado para a malhada, e ele vinha-se embora para o monte. [pausa] Pois. Outra noite ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Até que o lavrador diz assim: "Ah! O galo faz senão cantar! Havemos de matar o filho da puta e comemo-lo todos.

INQ2 Estás a ver?

INF1 Pois. Matar o gado o galo. Comemo-lo e fazemos uma caldeirada com ele para a noite, à ceia". Bom, chegou à noite, diz ele: "Olha, criado, vai pôr as reses para a malhada e anda que é para a gente comer o galo que temos para a nossa ceia". Ele foi pôr as reses para a malhada [pausa] Esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esse dito boeiro [pausa] nunca mais apareceu. [pausa] Pois. Não apareceu. "Mas assim que é que seria feito do nosso boieiro que ele não apareceu"? Pois. [pausa] Pois. Ficaram todos em cuidados. No outro dia de manhã vão à cata dele, foram-lhe encontrar umas botas, dentro os pés dentro das botas. Mas o resto, não encontraram mais nada. E a roupa toda esfrangalhada. [pausa] Pois. Um lobo! [pausa] Comeu-o!

INQ2 Tchii!

INF1 Pois. Esse lobo comeu, comeu comeu o [vocalização] o criado.

INQ2 O boieiro.

INQ1 O criado.

INF1 O boeiro, pois. Sim senhora. [pausa] Que dizem: "Galo que canta, bicho que espanta"!

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois. E pronto.

INQ1 Pois.

INF1 E ficou assim

INQ2 E bicho que espanta como?

INF1 Naturalmente, o bicho espanta-se o bicho espantava-se com [vocalização] por mor da cantiga do galo! [pausa]

INQ1 Pois.

INF1 Pois tinha que ser por mor da cantiga. Quando o galo cantava, o bicho que se espantava. Espantava-se. É que aquilo durou muitas noites, o galo a cantar! Muitas noites, muitas noites! E na noite que mataram o galo e ele foi levado, pois foi nessa noite que o homem

INQ1 Que o homem

INF1 que que o bicho comeu o homem!

INQ1 Pois.

INF1 Pois.

INQ2 Rhã-rhã.

INF1 É isso .

INQ2 Portanto, é bom ter um galo que cante à noite ou não? Ou é mau?

INF1 Pois. Não. Aquilo às vezes quando eles cantando à noite, aquilo quase sempre é sinales, sinales sinales ruins.

INQ1 Pois.

INF1 É. Quando um galo cantando de noite, aquilo é sinales ruins.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Rhum-rhum.

INF1 Pois.

INQ2 ao da nossa pensão, ali no do senhor Cleóbulo, todas estas noites cantava um galo, lembras-te que eu até te disse?

INQ1 Sim.

INF2 Ah!

INQ1 Sim, sim.

INQ2 " está o galo a cantar"!

INF1 Às vezes Às vezes, os bichos [VB] levantam Às vezes até adivinham o tempo que é sinal de esterilidades, dizem que é sinal de esterilidades e coisas assim.

INQ2 Ah!

INQ1 Pois.

INF1 Pois. [pausa] Sim senhora. Pronto!


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