INF1 Onde aprendi era capaz de não dar… não da- Não davam os mesmos nomes que davam aqui. Aprendi na serra de Santo António. Não sei se as senhoras sabem onde é…
INQ1 Serra de… Ao pé de Mira de Aire?
INQ2 Que é aonde?
INF1 Sim senhor.
INF2 Ao pé [vocalização] de Mira de Aire.
INF1 Aí é que aprendi.
INQ1 Aí é que aprendeu a tecer?
INF1 Sim senhor.
INQ1 Mas o senhor não é de lá, ou é?
INF1 Não, não.
INF2 Não, é daqui.
INF1 Fui aí por aí acima correndo mundo, fui para a para a vindima de e fui para o varejo. Lá havia muita azeitona. E depois lá o patrão mesmo onde é que eu trabalhava – ele até fazia teares – e o genro dele tinha lá uns poucos de empregados.
INQ1 Pois.
INF1 Depois deu-me ele em dizer: "Se quiser, a gente ensina-o"! E depois até ele, n- num sentido, ainda me enganou, porque não valia a pena. Disse-me assim: "Ah, eu, [pausa] o trabalho que você fazer, pago-lhe. E ensino-lhe". "Não lhe quero levar nada"! De resto, o trabalho que lá fiz, não me pagou nada"!
INQ2 Não pagou nada. Ai que horror!
INF1 Andei eu lá dois meses só a fazer aquilo.
INQ1 Pois.
INF1 E o que me ele me ensinou, até mesmo ele lá depois disse assim: "Se não aprenderes mais que o que te eu ensino"! Ele então disse a verdade logo! Mas a sogra também sabia. A sogra é que me dava… Uma vez prantou-me ele lá uma teia para mim [pausa] [vocalização] urdir, e nem sequer era para para mim tecer, era lá para umas outras empregadas. E foi-se embora, quando ele voltou, eu tinha-a urdida, mas a a senhora – que era a velhota, era a sogra dele, andava por ali, tinha ali um aviário, tratando das galinhas – lá me ia dizendo, quando ele lá chegou, eu tinha aquilo já tudo [pausa]
INQ2 Já tudo feito?
INF1 já tudo urdido.
INQ1 Pois, pois, pois.
INF1 Pois. [pausa] Sim senhora. Pois.
INQ1 Sim senhor. Pois é.
INQ2 Então e a sua profissão era?… Era, portanto, o quê, quando fazia isso com, com o?…
INF1 Era tecelão.