INQ Portanto, o senhor andou a guardar gado?
INF Andei, sim. [vocalização] Guardei gado muitos anos.
INQ Como é que se chamava à sua profissão, ao seu trabalho?
INF Pastor.
INQ Era pastor?
INF Sim senhora.
INQ O pastor?…
INF Pastor, há aí uma di- uma diferença.
INQ Então explique.
INF [vocalização] O pastor é de guardar ovelhas. [pausa] Toda a gente chama-lhe pastores os moirais de gado e tal, tal, tal. Mas quer dizer, o pastor que é pastor é moiral de [pausa] vacas – ou, de de ovelhas! Há o vaqueiro, que é o moiral de vacas; há o porqueiro, que é o moiral de porcos… Portanto: eu fui porqueiro, [pausa] que eu guardei porcos; eu fui vaqueiro, que guardei vacas; e fui pastor, que guardei ovelhas. E fui cabreiro, porque guardei cabras!
INQ Rhum-rhum. Sim senhora.
INF Todas essas coisas eu fiz. Tudo! Tudo, eu fiz isso tudo em casa desses lavradores.
INQ Sim senhor. E andava sozinho a fazer esse trabalho ou?…
INF Não senhora. Tinha ajuda. Éramos dois, sempre. Quase sempre dois. Quando era, por exemplo, no outro tempo, que ordenhava-se as ovelhas, ordenhavam-se as cabras, éramos sempre dois. E as vacas eram muitas, tínhamos de ser dois a guardá-las. Quando não, era um sozinho não dava a conta.
INQ Claro.
INF Porque à tarde, ficava um a guardá-las e vinha outro tratar do, dos p- das manjedouras, onde elas ficavam para comerem durante a noite. Só depois é
INQ Porque elas vinham para casa?
INF Pois, elas vinham para para os montes.
INQ As vacas vinham?… Não ficavam lá na terra?
INF N- Não. Ficam um certo tempo. [pausa] Um certo tempo, que há a pastagem, ou qualquer coisa, ficam lá… Mas certos outros tempos, têm que vir para as cercas, [pausa] onde há as manjedouras, que é para [pausa]
INQ Sim senhora.
INF comerem durante a noite.