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MIN06

São Lourenço da Montaria, excerto 6

LocalidadeSão Lourenço da Montaria (Viana do Castelo, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Anselmina

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INQ1 Ele trabalhava aqui ou trabalhava assim para, para as terras à volta?

INF Est- Não. Trabalhava. Ele trabalhava de carpinteiro não é? e logo foi para Lisboa. Ele morreu-me em Lisboa.

INQ2 Ai, ele trabalhava em Lisboa?

INF Trabalhava em Lisboa. Trabalhava em carpintaria. Morreu em Lisboa. Naquele tempo ficou, coitado não havia meios de o poder trazer. Naquele tempo o ordenado dele também era pequenito. Pronto, ficou no, [pausa] no hospital do [pausa] de São João parece que foi. No

INQ1 No cemitério?

INF No cemitério de São João. É assim a vida. Vamos andando, [pausa] que ele vai e eu não tardarei a ir também.

INQ1 Ainda está rija.

INQ2 A senhora está muito boa.

INF Ai, ai! Olhe que eu Olhe que eu estive [vocalização] Foi ali pelo Carnaval que me deu uma colite que eu [vocalização] tive o meu filho teve de ir comigo às onze horas da noite para o hospital para Viana. E adiante, isto foi n- na terça-feira à noite foi no dia de no dia tre- treze de Fevereiro e na quinta-feira tornou-me a dar e tiveram de ir outra vez comigo para Âncora para o doutor. E ainda estou a dieta, que eu ainda não como Estou a comer de dieta.

INQ1 Pois, pois.

INF Ai, ai! Uma colite que me deu que quase morria!

INQ1 Pois é. Agora é preciso tomar cuidado com a alimentação.

INF Pois, pois é isso.

INQ2 Não abusar

INF Nada, eu nada. Elas bem compram, coitadas. Eu digo: "Vocês têm de comprar " Trazem-me um bocado de carne e eu meto-a no frigorífico que eu não tenho, mas tem a minha nora e vou-a pôr e vou tra- trazendo aos bocadinhos, cozo-a cozidinha. Tem de ser tudo cozido. Não posso comer nada

INQ2 Pois é, faz mal. Pois não.

INF Não posso comer nada [vocalização] estrugido. De estrugido nadinha! Tudo ou grelhado ou cozido. Mas, [vocalização] então!

INQ1 Também é bom assim.

INF Sim. Sustento-me bem. [pausa] Eu como ando pouco Até hoje, até quando ia buscar um bocado da carne que eu logo parto-a aos bocadinhos e ponho cada qual bocadinho na sua saquinha para [pausa] para, trago um bocadinho daquela saquinha para não estar a abrir a saca e a partir , hoje quando ia buscar , a minha nora não estava na casa, tinha saído. E: "Pois e agora o que faz de comer"? E eu digo: "Ai, eu faço muito bem para mim"! Fiz ali a minha sopinha, botei-lhe uma batata, ralei-a , botei-lhe uma manadinha de arroz, botei-lhe uma cenourinha cortadinha, botei-lhe um bocadinho de azeite e [vocalização] e logo ainda botei uma couvinha desta penca, cortadinha, cortadinha. Olhe e tenho Comi ao meio-dia e tenho para a noite. Pronto, tenho a minha comida feita!

INQ2 Para o dia todo?

INF Sim, para o dia todo. E passo bem. A gente chegamos a uma certa idade que a gente come menos. [pausa] Sustenta-se com pouco. Eu de manhã bebo um gole de cevada e estou inté ao meio-dia. Não como também.

INQ2 Ai, não come?

INF Não como de manhã. Mesmo quando me deram comprimidos para tomar agora quando estive assim, tinha de tomar dois [vocalização] ao almoço, ao meio do almoço. E depois tomava um às dez horas [pausa] do dia. E depois tomava outro antes de do comer ao meio-dia. E depois ao meio do comer a m- a meia hora antes do comer e logo ao meio do comer dois. E depois de tarde outro, [pausa] às sete da tarde. E an- [vocalização] E antes do comer, meia hora, outro. E depois ao meio do comer outra vez. Mas eu de manhã não comia, não os tomava. Sim, os de de manhã tomava o que tomava às dez horas, o mais não tomava mais nenhuns que não comia. Bebo o gole da cevada Pronto, estou! [vocalização] A gente passa. Chega-se a uma certa idade a gente está feito, a gente não precisa de muito comer. É assim.


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