MLD05

Melides, excerto 5

LocalidadeMelides (Grândola, Setúbal)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Galeno

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INF Isto, olhe, eu, isto não é meu.

INQ1 Está de renda, é?

INF Não. Eu até, aqui, não pago nada. Porque as pessoas, hoje em dia, não arrendam nada a ninguém . E fazem bem, sabe.

INQ1 Que é para as pessoas depois não ficarem .

INF Não é isso. É que as pessoas e depois tornam-se duma forma Eu nem que tivesse mil casas eu não arrendava nenhuma. As pessoas depois querem a casa e querem muito. Isto uma falta de respeito, num certo sentido, que eu não sei se as pessoas compreendem. "Sim, sim senhor. Isto não é meu". Está a ver? "O dono tem O dono tem preciso, eu terei que me desenrascar". Está você a rir? É que as pessoas não entendem.

INQ1 Pois.

INF Olhe, portanto, a levadazinha é isso .

INQ1 Ah, está.

INF Pois. Aqui por acima, aqui. [pausa] É sempre aqui esta esta valazinha. [pausa]

INQ1 Pois.

INF É esta valazinha sempre por acima, tudo até acima, como eu disse

INQ1 Pois, pois.

INF Isto vai meter àquela ribeira. [pausa] Isto, eu não sei os anos que isto tem mas isto é muito velho. São coisas muito velhas. Porque os antigos viviam disto. Não havia completamente essa advertência dos dos moinhos de ág-, de coisa, de de vento.

INQ1 Pois.

INF Sim senhora. Se quiser mais fruta, leve que vamos até adiante.

INQ2 Não, muito obrigado. me chega.

INQ1 Isto aqui é quê? Batata?

INQ2 Sabe tão bem!

INQ1 Não? Então o que é?

INF Feijão.

INQ2 Feijão.

INF E é pimentos. Pimenteiros. Além anda uma cunhada minha a mondar o feijão. [pausa] Anda a trabalhar, coitada, é doente, mas então? Está trabalhando. A vida é assim. Sim senhor. Pois eu [vocalização] estou à ordem das senhoras. Logo que querem ver mais algumas coisas, vamos.


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