INF De forma que [pausa] é tudo coisas que a gente fazemos com facilidade e temos cegueira de fazer, sabe?
INQ1 Pois.
INF E eu até ando num lugar, num serviço, que eu não gosto. Que a minha cegueira é a agricultura. Se eu apanhasse uma propriedade, que eu tivesse condições para viver lá dentro, para possuir os meus animaizinhos, tratar à minha vontade, [pausa] eu trat- tinha uma vida mais tranquila do que tenho assim, não é?
INQ2 Pois.
INF Nem que ganhasse menos do que eu ganho, mas vivia mais distraído.
INQ2 Pois.
INQ1 Rhum-rhum.
INF Teria [vocalização], possuía eu [vocalização] Possuía gado vacum, possuía porcos, possuía cabritos, possuía ovelhas; afinal, possuía essas coisas que eu tenho cegueira nisso tudo, sabe?
INQ2 Pois. Gosta de criar.
INF Mas não não tenho – é claro –, dediquei-me agora aquele trabalho. E, se calhar, quem me comeu a carne tem que comer os ossos. Risos Pois. Agora, se calhar, só por me mandarem embora, talvez, é que eu deixo aquilo. Mas tenho sempre pena da agricultura! Portanto, as senhoras vêem: vêm aqui, vêem isto cavado. Eu venho aqui, cavo isto, vou-me para ali cavar, vou-me para a outra horta, vou cavar, não é?
INQ2 Pois. Gosta mais.
INF [vocalização] É a minha vida é assim, pois.
INQ2 Pois. Olhe, fale-me agora das árvores então, que tem aqui de fruto. Esta, por exemplo…
INF Essa é uma ameixeira.
INQ2 É uma?…
INF É uma ameixeira.
INQ2 E dá… Como é que se chama o fruto?
INF [vocalização] Chama-se a ameixa.