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MLD41

Melides, excerto 41

LocalidadeMelides (Grândola, Setúbal)
AssuntoOs cereais
Informante(s) Graziela Galiano

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INQ Mas a senhora explique então como é? Quando trabalhava no arroz como é que era?

INF1 Como é que era ele trabalhar no arroz? Olhe, a primeira [vocalização] a primeira coisa, quando cala- quando cavavam lama, não davam cabo dos muros. Quer dizer que cavavam com as enxadas, não davam cabo dos muros. E [vocalização] E agora dão dão cabo dos muros, quando é para ceifar o arroz, por causa das máquinas dão cabo dos muros. E o

INQ Mas como era antigamente?

INF1 An- Antigamente cavavam a terra e estavam os canteirinhos feitos e não davam cabo de nada. Quer dizer, não davam cabo de nada. E cavavam a leiva, brigavam para deixar tudo certinho, ali a leiva tudo dentro dos canteiros. E depois de ela estar cavadinha, metiam-lhe a água. Metiam-lhe a água e a gente ia picar. Íamos picar aqueles tornitos da da leiva, que os homens cavaram. E depois de estar tudo picadinho, íamos a rebaixar. Íamos a rebaixar, acabávamos de rebaixar, íamo-lo mondar. [pausa] Íamos mondar. Se acaso eles queriam semear o arroz, punham o arroz de molho logo uns dias antes, nos sacos, e depois semeavam o arroz. E se acaso eles não queriam semear, ou estavam os viveirinhos do arroz semeados, gran- grandinho, e a gente ia, apanhávamos o arroz, [pausa] os molhinhos, e lavávamos muito bem lavadinhos. E daí atávamos os molhinhos, íamos pondo tudo atrás da gente. E depois [vocalização] mondávamos as terras e carregávamos-os e vínhamos a plantar. plantávamos o arrozinho tudo, tudo. [vocalização] Plantávamos, pois, tudo a dedo, plantávamos aquilo tudo. E [vocalização] E depois disso, que- quer dizer, depois de o arroz estar plantado, [vocalização] quando ele tivesse erva, mondávamos-o. Mondávamos à mão. E E se ele tivesse preciso de mais mondas, pois íamos sempre mondando, conforme ele precisasse da monda. Depois quando ele não não Eles depois prantavam a água ao arrozinho, e quando ele não precisasse de mais mondas, deixava-se, era até à ceifa. [vocalização] E quando ele estivesse capaz de ceifar, ia-se ceifar. [pausa] E daí era atado, carregávamos-o para fora, para os tractores e dos tractores eram carregad- eram carregados para a eira. Que- Quer dizer, p- pois tractores, nesse tempo, ele havia tractores também. Mas carregava-se-o às vezes também n- nos carros de bestas e em coisas. Carregava-se para as eiras. Ia-se para as eiras e depois era debulhado com os cavalos, com as bestas. Era debulhado com as bestas. E era limpo a braço de pessoas, como era o trigo e essas outras coisas. Era tudo limpo assim. E depois era ensacado, ia para os armazéns e era isso assim. Pois. Foi É o que eu conheço daquilo. E agora, hoje, o moderno é mais doutra maneira.

INF2 Quer dizer que a, [pausa] a a plantação também [vocalização] também foi um bocadinho mais moderna.

INF1 Pois.

INF2 Logo primeiro era semeado. M- Mondava-se a terra primeiro, a terra do arroz, e alguma que tivesse ele que tivesse ervas, mondava-se primeiro e semeava-se. E depois eram os trabalhos como como a minha senhora esteve a dizer. Pois.

INF1 E agora é semeado outra vez. Agora não monda outra vez.

INF2 Era mondado as vezes que fossem precisas.

INF1 Agora Agora é outra vez semeado. [pausa] Agora é a terra arranjada da mesma maneira, o mesmo. O que é que vai as máquinas, têm que fazer os muros. Os que foram escangalhados têm que ser arranjados. E é tudo mondadinho à mesma, e a terra certinha, com as máquinas, e vai as pessoas ajuntam aqueles coisinhos mais altos para ficar tudo direito, e semeiam o arroz. [pausa] Fica ali semeadinho. Depois as mulheres vão, apanham algumas coisinhas rente, e põem as químicas. E pronto, está o trabalho do arroz arrumado. [pausa] Aquilo, pois, não tem mais Eles vão pôr água quando é preciso [pausa] e tirar. E [vocalização] E é o que eles fazem nos arrozes agora.


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