INF O arroz era debulhado de noite. Chegávamos, às vezes Ainda trabalhei nisso também uns dois ou três Verões, nessa coisa de do arroz [vocalização] e na debulha também do arroz. Era debulhado de noite. Se acaso até ao meio-dia, às vezes, fizesse bom vento, pois no outro dia, de noite, perdíamos a noite quase toda a a debulhar, que levava a noite quase toda. Às vezes já era quase de manhã, descansávamos um pouco e se viesse logo vento até ao meio-dia, até ao meio-dia começávamos logo [vocalização] a trabalhar lá na, no, pois, na eira, a limpar o arroz. Se acaso se acabava de debulhar, ele ainda se ia fazer a tarde lá no no alagamento depois. Trabalhava-se sempre. Era Era de dia e de noite.
INQ Pois.
INF Era só ali um poucachinho que não, que que se descansava já ali quase de manhã. [pausa]
INQ Olhe…
INF Calhava muitas vezes. Os patrões, às vezes, estavam com pressa daqui-, da do arroz tirado, calhava a a estar o tempo bom e eles estavam com pressa, debulhar, às vezes, dois e três calcadores seguidos, às vezes, a pessoa não dormir quase nada – de dia e de noite. Eles nessa altura, então, davam aguardente para para a gente beber. E às vezes umas batatas-doces para a gente assar. Outras vezes E outras vezes, alguns – eu cá não, que eu fui sempre fui sempre muito contrário àquilo –, alguns que que tinham menos vergonha, às vezes, sabiam onde havia batatais doces, iam de noite, iam roubar batatas-doces para a gente assar, para [vocalização] paródia. Então a gente depois lá assávamos e bebíamos aguardente. É. E cantávamos de noite. E cantávamos e ir tocar o gado, e cantar, e dar voltas ao arroz, e aquela coisa. Ah, fazíamos aquilo em ar de paródia mas aquilo era uma maçada que era [pausa] que era disparate.
INQ Ainda se lembra das cantigas que cantavam nessas coisas?
INF Eu não. Não Não fui grande coisa para cantar. [vocalização] Quer dizer que aprendia as coisas mas não tinha fala assim bem para cantar. Eles é que cantavam.
INQ Mas ainda se lembra das, das palavras?
INF Ah, pouco. Pouco me lembro já.