INF Vê? Conforme contei no outro dia que andei que com o meu patrão às costas dentro da barriga da mãe também.
INQ Rhã-rhã.
INF Também já contei.
INQ Pois.
INF O que eu passei! O que eu passei! Quer dizer, bom, eu dentro da minha vida soube soube sempre respeitar e [vocalização] gostei sempre muito do respeito. Muito! Não gostei nunca de babosices den- dentro das ordens de trabalho.
INQ Pois.
INF Se há uma paródia, há uma paródia, a gente brinca uns com os outros, e essas coisas todas. Agora dentro das ordens de trabalho, nunca gostei. Andava as mulheres, eu ralhava com elas, porque parte delas, às vezes, são desbocadas. Há criaturas que são desbocadas. De- Deve ter encontrado às vezes muitas.
INQ Às vezes.
INF Desbocadas, dentro da brincadeira umas com as outras, são muito desbocadas. Mas me- mesmo dentro de mulheres casadas, andavam no serviço e tudo e diziam coisas. Depois os rapazes, claro, não podiam ouvir aquilo e depois continuavam. E eu ralhava! Não deixava. E depois eles às vezes, quando depois a gente se desapertava, chegavam ao pé de mim: "Ah, você esteve a ralhar. A fulana disse isto, disse aquilo, disse assim. Elas é que são piores que a gente" e tudo. "Mas eu não quero. Dentro do trabalho não deixo a ninguém. Quero respeito para todos".
INQ Pois claro.
INF Tive, tive sempre Fui sempre respeitoso, sempre!
INQ Ai! Então … O que eu estava a perguntar…
INF Eu ia para uma festa, ia para qualquer banda, vinha sempre rodeado de raparigas e tudo, a cantar mais elas, tudo. A minha mulher até às vezes até ralhava comigo: "Credo, deixas-me para trás, nem queres saber de mim, nem isto, nem aquilo". Então, vinham-me a apoquentar, vinham a cantar, vinham [vocalização]…, tudo na paródia, quando vínhamos a andar. Que quase vinha sempre tudo, ranchos na paródia, quando era pelo São João, a cantar, e tudo. Fazíamos bailes, fazíamos aí caramanchões para bailarem para lá bailar dentro, essa coisa toda em princípio. Eu cheguei aqui a ter uma casa para para dar baile aos domingos.
INQ Pois.
INF Antigamente. Agora há no jazz e há essas coisas todas. Mas antigamente havia tipos que tocavam gaitas de beiços – aqueles realejozitos…
INQ Sim.
INF Outros tinham uns harmónios velhos – que às vezes até já lá criavam ratos lá dentro deles. Assim a tocar [vocalização] guitarras ou qualquer coisa assim, havia tudo. E eu cheguei aqui a ter uma casa – logo ali à entrada onde está aquele café –, de renda. Eu mais dois rapazes que eram vivos, agora já se foram embora também. [vocalização] Cheguei a ter coiso, para dar bailes, para lá dar bailes. Que a gente, mesmo havia em qualquer casa, íamos pedir. Mas se a menina tinha uma casa, [vocalização] claro, pediam: "A ver se me dava cá baile hoje". "Dou". Então desarrumavam, tiravam a mesa de cima da casa, desarrumavam tudo, a casa [pausa] ficava limpa, só ficava com aquelas arcas – agora é malas. Antigamente era umas arcas grandes, tinham o milho, tinham os cereais, tinham a roupa, tinham essas coisas todas. Agora, enfim, agora já é tudo mais mais aperfeiçoado.
INQ …
INF Tudo diferente. Depois toca de andar a bailar, toda a noite, agarrado a elas. Agora não não sabem! Agora é como, como como baila o meu Hemetério. Isso é danado para bailar! Em ouvindo o coiso a tocar lá, quer é que o avô vá pôr a telefonia do carro a tocar, a pôr as c- cassetes. E ele começa logo de caminho também, como as cachopas agora, assim a fazer aqueles movimentos e a bailar, assim é que é andar a bailar. É como a ele, como o meu Hemetério. Ele é que sabe bailar à moda de agora. E a acenar, e assim com a cabeça e depois assim a voltar-se todo.