INF Ora, depois, semeia-se o linho mas passado três dias tem que se [pausa] engaçar. Depois, fica talhado às embelgas. Com aquele engacinho, engaçam-se as embelgas que a gente quer engaçar para depois o regar. Porque é com [vocalização] [pausa] com o que chamávamos-lhe engaços. Há-os de ferro, há-os de pau, não é? E a gente engaçava e depois [vocalização]… Por exemplo – esta cozinha não é? –, vai assim agora para diante mas só engaçamos metade para ali, outra metade para aqui. Que é para ir depois a augueira pelo meio [pausa] e depois ficam os regos assim… [vocalização] Os en- Os dentes do engaço fazem [vocalização] aqueles sulquinhos e vai-se por aquela augueira do meio, rega-se para um lado e rega-se para o outro, o linho. Se tiver erva, monda-se. [vocalização] Costuma muito ter o joio – o linho o que dá é joio. Depois [vocalização], cresce, vai-se regando, até que cresce e até que floreia. Depois de florido – a flor é é roxinha, uma flor muito linda –, [vocalização] depois de- de florido, baga. Toma assim umas… Nem sei… Vá… Eu, eu se tivesse, mostrava-lhe mesmo uma… Dão assim umas coisinhas, parecem chatas, assim, baga. Aquilo baga. Depois, arranca-se. Quando está louro, arranca-se. E põe-se em maçadeiros. Depois de se pôr em maçadeiros, [pausa] seca seca. Depois seca. Depois de lhe tirar o linho, quer dizer, põe-se assim a secar que é para que o linho abra e que caia, para lhe tirar a linhaça, a semente.
INQ Põe-se a secar aonde?
INF Quer dizer, arranca-se, não é? Depois, [vocalização] se tiver erva, a gente até nos pró- pois fazem-se assim uns maçadeirinhos – ou seja, o linho o linho galego não é mais comprido que assim isto – fazem-se aqui os maçadeiros, ata-se-lhe um uma erva…
INQ Um maçadeiro é um molhinho ou é um molho?
INF É um molhinho, pois. É aí uma dúz-… Quantas, quantas Quanto linho cresço? Uma dúzia, ou duas ou três ou quatro de maçadeiros, pronto.
INQ Maçadeiros.
INF Depois põe-se, então, em cima de uma manta, [pausa] uma lona ou qualquer coisa e põe-se…
INQ No quê?
INF Uma manta que lhe chamamos nós lonas, assim umas mantas grandes.
INQ Ah, uma lona.
INF E põe-se a cabeça do linho… [pausa] Quer dizer, eu já nem estou aqui bem certa mas acho que [pausa] é para cima. Põe-se a cabeça do linho para cima. Depois, abre. Em estando aberto, a gente 'sacude-a'. Vira Vira a cabecinha para baixo, sacudo-as para que caia a linhaça.
INQ Rhum-rhum.
INF Depois, ap- torna-se a apertar, porque depois seca e aperta e leva tem que se levar à laga, ao rio. E está lá – não sei se são três dias e três noites – numa água a correr, [pausa] numa água sempre a correr. Depois dos três dias, a gente vai então a desenlagar o linho. Mete-se Porque ele tem que ser metido numas poças de água com pedras em cima. Passado uns três dias, a gente vai lá e e enxagua, enxagua bem naquela água a correr, sai-lhe aquela borraça toda, fica então o linho com o tasco. [pausa] Fica o tasco por fora. E [vocalização] depois, então, em estando enxuto – ainda tem ainda ficou com as raízes de o arrancarem –, quando estiver enxuto, maça-se. Numa joga – põe-se uma joga –, põe-se lá um maçadeiro. [vocalização] Depois há há uns maços assim de de madeira…
INQ Veja lá se é assim?
INF É assim mais ou menos.