INF Eu ainda teci também o pardo. Uma, uma teia, uma, umas Havia aqui uma senhora, duas senhoras, que já morreram – era a senhora Augusta e outra, tia do meu homem – que tira- teciam o pardo. E depois é que a Augusta encontrou-se doente. Eu ainda estava solteira. E depois chamaram-me, então, para ir a eu tirar a teia do do pardo. Mas sabe lá como é aquilo! A lançadeira é assim, olhe, a do pardo. [pausa] É assim grande.
INQ Txxx! …
INF E depois nós no tear, nos nossos teares, temos a a lançadeira é só assim pequenina e chega alevantarmos para correr o fio para ir outra vez por a teia afora, mas aquela não. Eu estava habituada a fazer com a minha, não é, e não com aquelas grandes, e chegava e truz. Ia lá a outra já doente e tudo – a tia Augusta, coitada: "Não é assim! Isso mal meto eu! Não se levanta a lançadeira"! Pronto, mas eu estava educada no outro tear.
INQ Mas o tear era igual ou era mais largo?
INF Não. Ele era lá agora! Ele o tear do pardo era muito largo. Eu ainda teci teias de pardo no meu tear mas era estreito, para fazerem calças. [pausa] Olhe que um ano eu estava a tecer – chamam-lhe a carvalha –, dia dois de Maio, e uma grande nevada a cair e eu a tecer pardo, ele aqui num [vocalização]… Porque ele aquele tear era mais largo que os meus e fui lá tecer a teia de pardo aqui para uma vizinha.