INQ E o que é que tem de se fazer à lã depois da, da, de dobado para a fabricar?
INF Para a fabricar? Para a fabricar. A primeira coisa é lavá-la, [pausa] bem lavadinha. Vai-se ao rio e lava-se lá, bem lavada. E até em casa também se pode aquecer uma pinga de água e lavá-la à cana acá na, mas fica melhor no rio. Depois de se lavar, enxuga-se e depois então é pelada. Depois de pelada, é afiada.
INQ Pelada? Como é que é pelada?
INF Pelada. Abrir a lã.
INQ Ah! Abrir a lã é o mesmo que… É pelar.
INF É pelar. Pelar a lã.
INQ Está bem.
INF E depois de a pelar, fia-se também. [pausa] Fia-se nas rocas também, como o linho. Só não não se põe Não… Não se fazem estrigas é tudo em manelos. Depois depende da lã. Se a lã for boa, a gente fia com um [vocalização] melhor. Se for ruim, não se pode fiar tão boa. Mas [vocalização], quando é assim para urdir, tiram-lhe mais [vocalização]… Quer dizer, têm umas cardas… Há umas cardas [pausa] e cardam. E depois fica a lã melhor e sai a mais ruim.
INQ Sim. Portanto, as cardas servem para?
INF Para cardar a lã.
INQ Pois.
INF Eu ainda fiei… Ainda fiamos aqui oh, oh, oh… Porque o senhor Arcádio, ele era daqui de Outeiro – já morreu, morreu o ano passado – e ele trouxe para cá muita fiadeira da lã, mas era outras qualidades de lã. Enfiávamos aquela lã no meio como um – numas máquinas –, no meio de dois fios brancos. E aí ele ganhávamos bem dinheiro nessas máquinas.