INF O pão vai para o moinho, não é?
INQ Sim. Diga lá.
INF Vocês já viram o moinho.
INQ Já, sim senhor.
INF E [vocalização] depois vem moí-. Eu até tenho ali ainda f- [vocalização] farinha num saquinho. Que de cada passo faço sopinha de farinha. Sego as couvinhas miudinhas, boto-lhe sal, boto-lhe azeite, [pausa] a couvinha está cozida, [pausa] boto a farinha num tacho, [pausa] desfaço-a bem desfeitinha, boto-a assim à sopa e fica [vocalização]… Porque há quem faça assim: bote logo a farinha na panela. Depois fica aos beloiros, àqueles beloirinhos. Mas eu não. Desfaço tudo em água. Depois é que boto para a panela. Agora o p- [vocalização] para cozer o pão, a gente tem uma masseira – que a masseira já a lá não tenho, já já desfiz, mas tenho a peneira – a gente vai, peneira para a masseira primeiro arranja o [vocalização] .
INQ A peneira é para quê?
INF Para peneirar o pão, para sair o far- a casca. Porque [vocalização] a casca não vai junta com o com o pão. Tem que se tirar a casca. E depois, a gente vai, põe assim na masseira, está a água [pausa] bem quentinha – a ferver não, tem que ser numa média, mais ou menos –, a gente bota a água, faz assim uma pioca na farinha, tira logo a que tem que ser para tender, para tender o pão, porque senão pode depois apa- agarra-se às mãos. E depois bota-se aquela água quente sobre naquela pioca com o fermento, desfaz-se o fermento bem desfeitinho, bem desfeitinho, toca a [vocalização] gente a [vocalização] botar água, tudo bem amassadinho, depois, ó amigo, tem que… Até que estoira as mãos. Estoira-se a [vocalização] As mãos estoiram no pão.
INQ E isso assim é para fazer o quê?
INF Amassar o pão, para ele ir para o forno. E [vocalização] depois só se deixa de se amassar, desde que ficaram [pausa] as mãos limpas. Tem que ficar as mãos as mãos limpas. Não pode ficar a m- a massa agarrada às mãos. Depois então é que se apanha, apanha-se e vai-se fazendo assim, aprainando, aprainando, pa- bota-se para cima, aprainando, depois vira-se daqui para ali, daqui para acolá, e depois cobre-se bem cobertinha com um lençol já próprio para cobrir o pão, um cobertor ou uma manta, por cima, depois quando ele começa de abrir assim uns g- uns gricheirinhos, assim, e se e que está a abrir, a gente trata de tender. Depois, pesa-se [vocalização] – tem a gente ali a balança – pesa-se e põe-se assim, por ci- por exemplo, por cima desta arca, é uma coisa maior, mas põe-se assim aqui por cima, para pesar, só, e depois é que trata de se tender. Depois dá-se-lhe aquelas voltinhas, a gente vai daqui, vai dali, tumba, tumba, e depois [pausa] vira-se com o de baixo para cima, e depois vai a gente assim por a masseira adiante, fica assim aquele bolinho muito azado. Depois, a gente b- mete-o ao forno, tem que ter farinha na pá, porque senão, agarra na pá, e mete-se lá para o forno.