INQ Então, fale-nos lá da matança.
INF Como?
INQ Fale-nos lá da matança.
INF Ah! Primeiro, pois chama-se [pausa] pessoal para pegar nos porcos. Mas é uma trabalheira. Eles, coitadinhos, a gente cria-os e depois vê-os vê-los assim morrer à violência; é triste. [vocalização] Eu, [vocalização] fugia! Eu não os queria ver [vocalização] ap- agarrar, coitadinhos. A gente [vocalização] chamava-os para o quintal: "Andai Anda cá, coitadinhos". Eles, então, deitavam-se ao pé da gente: "ah, ah, ah". A gent- A gente ranhava-os e eles então abriam as pernas. [vocalização] Quando eles vinham para os matarem, não era preciso andar atrás deles. Eu chamava só: "Pequerruchos, pequerruchos, pequerruchos". E eles então vinham para o quintal. Chegavam, [vocalização] mas os homens não estavam lá. Tinham que estar [pausa] que que ele os [vocalização] porcos não os vissem. [vocalização] Agarrava logo um numa perna, outro noutra, outro no rabo, outro na- [vocalização] nas orelhas – toca para cima do banco. Às vezes, ele até botava pouco sangue, porque aquilo era de súbito. E depois, com uns alguidares, a gente botava-lhe sal, um bocadinho de alho, folha de loureiro, uma es- uma espiguinha de centeio, que era para, para para o sangue [vocalização] tomar melhor. Depois a gente tinha já os potes da água a ferver; ia-se para cima, porque eles depois, [pausa] dês que estão os porcos [pausa] já mortos, [vocalização] tratam de de lavar um lado, não é? Quando o viram para o outro lado, tem que a gente vir com um prato de de sangue cozido [pausa] e uma, e uma garra- uma caneca de vinho e uns copos num prato, para eles comerem comer o bocado de sangue cozido e a pinga. Depois lavavam o out- Quando lavasse lavassem o outro lado, [pausa] tornavam a beber, [pausa] mas já não comiam sangue. Depois, ia-se pendurar, penduravam-se pendurava-se até [vocalização] alguns aqui, outros em baixo. Chegámos a matar aos quatro.