INQ E estava, por trás da moenda, também passava a caixa? Era tudo caixa, à volta?
INF Não, não, não. Tem Tem uma folga, [pausa] à frente e atrás, [pausa] que a gente ande assim, em roda da moenda. Tem folga [pausa] para a gente.
INQ E a moenda, tinha alguma parte, alguma parte forrada, por fora da moenda?
INF A selha, chamava-se a selha. [pausa] Para vedar a farinha .
INQ E era de quê? De folha? Era de folha a selha ou era de madeira?
INF É folha.
INQ Folha.
INF Era de fo–, ti- A parte d- por cima, era [vocalização] madeira [pausa] e a roda era toda em [vocalização] neste zinco…
INQ Este, de zinco, pois.
INF Esta chapa de zinco.
INQ E portanto chamava-se-lhe a selha, a essa parte?
INF Sim senhor.
INQ Pronto. E depois a farinha caía para aqui, para a caixa, não é?
INF A caixa é esta.
INQ E tinha algum pano à frente, a caixa, para?…
INF Punha-se por causa do pó não voar.
INQ Como é que chamava a esse pano?
INF Oh, [pausa] era um pano que a gente se punha.
INQ Era o panal ou…?
INF Não.
INQ Não.
INF Era um pedaço de pano que a gente punha, porque fazia muito pó [pausa] e levantava. [pausa] E fazia quebras nas farinhas, porque aquilo era a peso…
INQ Portanto, nunca deu nome diferente, nome, diferente à moenda de cima e à moenda de baixo, não?
INF Pois, sim senhora senhora.
INQ Nunca se deu?
INF O meu até tinha duas moendas.
INQ Ai era? Duas?
INF Era. É essa assim quadrada, [pausa] depois fazia aqui [vocalização] eram separadas uma da outra e fazia outra vez aqui mais outra…
INQ Sim.
INF Cha– Era as quatro moendas.
INQ Sim.
INF E tinha até do- até folga aqui, que era onde eu me sentava e fazia o serviço. [pausa] Era um moinho grande.
INQ E a, e as duas moendas moíam o quê?
INF Como?
INQ O que é que moía nas moendas?
INF Há uma de moer milho. [pausa] A que mói milho já não mói a triga. Que isso já a gente se chama: a moenda trigueira é que é a que mói o milho, [pausa] e a moenda alva era a branca.
INQ Sim senhor.
INF Sim senhor.
INQ E essa moenda alva era, era pedra daqui ou era pedra de fora?…
INF [vocalização] Era como uma pedra mármore.
INQ Mas que vinha de fora?
INF Vinha de fora.
INQ E, e a moenda trigueira, a, do, a trigueira, era, era pedra de cá ou não? Também vinha de fora?
INF Também [pausa] a maior parte foi tudo de fora. Mas aqui já havia uma pedreira, [pausa] que já estavam tirando. [pausa] Já aqui havia uma pedreira
INQ Sim, sim.
INF que [vocalização] já estavam tirando isso. [pausa] Sim senhora.
INQ Olhe, e depois aqui ao lado, havia uma coisa que servia para o senhor levantar e baixar, ou não?
INF É o tempero.
INQ O tempero? Portanto…
INF O tempero era uma barrinha assim deste tamanho. [pausa] Depois, em baixo, [pausa] tinha u- uma agulha – a gente chamava-se a agulha – [pausa] que ia abaixo e tinha-se assim um pau atravessado – que a gente chamava-se [vocalização] [pausa] o pau da agulha – [pausa] e tinha um encaixezinho, que a agulha se assentava e quando a gente queria que a pedra levantasse ou arreasse, para o tempero da farinha, a gente tinha a tal barrinha – que era o que chamava-se o tempero de a abaixar ou altear.