PVC27

Porto de Vacas, excerto 27

LocalidadePorto de Vacas (Pampilhosa da Serra, Coimbra)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Cátia Carminda Catarina

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INQ1 Ia à Coja comprar os leitões?

INF1 Íamos à Coja. Andávamos Cheguei uma vez a ir , aos quatro dias é que vim para casa.

INQ1 Porquê?

INF1 Porque não, não p- não podíamos Não arranjei outro remédio.

INQ1 Estava a ver o que é que ela tinha ficado a fazer em Coja, que não vinha para casa?!

INF2 Porque era os porcos que era os porcos que não caminhavam. [pausa] Porque

INF1 Não caminhavam.

INQ1 Ah!

INF1 Eles não caminhavam porque eles puseram-se das sapatitas e depois não andavam; e às vezes ia calor, n- não caminhavam.

INF2 Coitados!

INF1 Não caminhavam. Uma vez fui mais minha mãe era eu mais minha mãe , trazíamos de dois. E eu trazia de um carrego grande de louça, que compráramos. Um carrego muito grande! Ia mais duas mulheres aqui da do Maxialinho donde está o meu filho; e a também de traziam dois e a e uma também trazia um carrego de louça também; era uma para vender, outra para para ela. E [vocalização]

INQ1 Tens que ir espreitar.

INF2 Ai, e nós também temos que ir , senão, para o nosso campo, ele indo, eu acho que não volta.

INF1 E depois [vocalização] nós [pausa] nós, nós vínhamos [vocalização]

INF2 muito tempo.

INF1 Ele vínhamos a andar e, e, mas Mas se ele ia tanto calor, tanto calor! E os E os bacoritos [vocalização] em começando a aquecer não caminhavam nada. Depois nós [vocalização] viemo-los a ver

INQ1 aqui uma coisa a andar que eu acho que é

INF2 Uma carraça, se calhar.

INQ1 Acho que é, veja .

INF1 Se calhar é bichitos que andam a avoar.

INQ1 Não. Eu acho que é uma carracita.

INF1 Hei! Palmadas

INQ1 Mas, é como é que se?

INF1 Não fal- Não falta mais nada.

INF2 Esteve em cima assentada na erva não, não

INF1 Se calhar. Pois, estive assentada na erva .

INQ1 Era uma carracinha, mas era muito pequenina!

INF1 Ah!

INF2 Esteve em cima assentada na erva .

INF1 Ah, estive assen-, então e aquilo andam na erva?!

INQ1 É.

INF2 Esteve assentada na erva.

INQ1 Mas é que eu estava a fazer assim, ela não saía, portanto é ca-, é uma carraça.

INF1 Ah!

INQ1 Mas pronto, se foi embora.

INF1 E [vocalização] depois vínhamos [vocalização], dormíramos nas Torrozelas [vocalização] Dormimos na nas Torrozelas [vocalização] muito para

INF2 Sabe uma coisa? É que era mesmo!

INF1 O quê?

INF2 Uma carracita.

INF1 Eh! Eu!

INF2 Mas será?

INF1 Ai, o raio! Se me vinha para a cabeça?!

INQ1 Pois é. Não, para a cabeça não. Mas ela faz febre. Pode provocar febre.

INQ2 Pois é isso.

INF1 Pois, pois podia. É que eu Mas ele quer dizer que andam na erva?! E eu estive riba ao do gado Ela Quando ela andava a regar, estive sentada na erva, e havia erva muito forte!

INQ1 Pois.

INF2 Conte o que estava a contar, agora!

INF1 E E depois

INQ2 Conte que a Carminda está com sono.

INF1 E depois chega chegáramos a

INQ1 Pois é, temos que ir embora.

INF1 Viemos dormir a uma loja, que era [vocalização] O estrume era era nabos malhados aquando se malham os nabos! E era daquela palha dos nabos. E ele a dormirem os doentes

INQ1 Mas os nabos Malham-se os nabos para quê?

INF1 [vocalização] Para tirarem a semente. Quando eles estão espigados, assim a cair, assim.

INQ1 Ah, está bem. percebi.

INF1 E E depois era [vocalização] Dormimos e aquando foi à madrugada E a senhora da, a dona, deu-nos para uma candeiinha do azeite que havia umas candeias, em primeiro, assim para o azeite, quando não havia aquando não havia luz, assim que não havia destas luzes que agora . [vocalização] Deu-nos para para mor de a gente comer alguma coisinha. Depois de manhã, [vocalização] eu vim mais a a Vieram-nos a alumiar Viemos de noite a ver se os bacoritos caminhavam assim mais pela fresca, viemos até ao do de Fajão a [vocalização], com com o candeio. E deixáramos os carregos na loja, e viemos , alumiadas, eu mais a senhora que t- que também trazia um carrego. E depois é que que, que vieram , assim que se pôs de dia. A minha mãe mais a outra mulher vieram andando com eles e e nós voltáramos para ir buscar os carregos. Chegámos acima, ao cimo do Fajão começou a a dar o sol, eles apenas deu começou a dar o sol, começou-se tudo a ir ele para as sombras das mouteiras, por aquele mato, não queriam caminhar nem por quanto fosse. tivemos que estar nas mouteiras muito tempo à sombra, porque eles não caminhavam nada, e a gente não se podia vir sem eles.

INQ1 E quantos eram? Eram muitos? Pequenitos?

INF1 Eram quatro.

INF2 A quem é que deu a preguiça?

INQ1 E não se podia? Não dava para agarrar ao colo?

INF1 Ao colo?! Mas nós trazíamos cada uma Duas traziam um carrego.

INQ1 Pois é. Pois é.

INF1 Eu tinha de ir empurrando

INF2 A quem é que deu a preguiça? Foi aos porcos ou foi às donas?

INQ1 Não. Foi aos porquitos.

INF1 Foi aos porcos! Não caminhavam nada! E depois dizem assim: "Vamos então depois ali a descer para o rio do [nome próprio]". Estivéramos um pedaço ele muito tempo até até assim à tardinha; chegáramos depois, viéramos por um atalho, por mor de vir mais depressa para ele a descer; e era ali a descer para baixo, para uma umas fazendas, ali um atalho que ali havia, assim, pronto, que se cortava mais depressa; e [vocalização] e depois encontráramos um almocreve, que vinha para comprar azeite.

INQ1 Um quê?

INF3 O que é isso?

INF1 Um almocreve.

INF2 Um almocreve.

INQ1 Ah!

INF2 O almocreve era o homem que vinha comprar o azeite.

INQ2 Do azeite.

INF1 Que vinha comprar o azeite.

INF2 Vinha de macho?

INF1 Vinha com os com os machos comprar o azeite. Vinham-nos comprar inteiro

INQ1 Vinha comprar o azeite para depois ir vender para outros sítios?

INF1 Ia-o depois vender para outro sítio, porque então não havia carros para mor de transportar as coisas, eram os odres.

INF2 Os almocreves, com os odres.

INQ1 Mas os almocreves vinham com quê? Com machos?

INF1 Vinha com machos.

INQ1 Não vinha com carros?

INF1 Era com machos. Os carros não vinham na altura!

INF2 Eram homens, os donos, [pausa] com os odres.

INF3

INF1 Ele assim uns odres é que que eles levavam a c- a transportar o azeite para donde para donde o queriam vender. E encontrámos um, e era nosso conhecido, que nos tinha vindo comprar a casa dos meus pais muita vez, e [vocalização] a minha mãe mandou-lhe recado para dizer aos meus irmãos para ir ter ele um com o canastrão para trazer os p- os porcos. Eles não caminhavam nada.

INQ1 vinham cansadinhos!

INF1 Eles vinham cansadinhos com os sa- com as sapatitas a botar sangue.

INQ1 Coitados!

INF1 E depois voltou e chegou quando foi a descer assim uma barreira por abaixo e era muito ruim. Eu vinha também tão carregada, vinha com um raio de um medo de ca- que me ca- caísse também, que pusesse o molho como a louça U-, uma Uma senhora que vinha comigo, ali do Maxialinho, escorregou e e deixou cair a cesta da louça. tanto trabalho que tinha-lhe dado e o dinheiro que ela tinha dado [pausa] e escavacou tudo. Escavacou-se logo ali tudo! Depois estroncou uma perna. Depois teve de ir um um cunhado dela a [vocalização] m- buscá-la às costas como ele lhe custou também? Risos O que ele lhe custou a ir àquele sítio! Não havia carros para os trazer!

INQ1 Claro.

INF1 O que lhe ele custou!

INQ1 O que os cunhados antigamente sofriam!

INF1 Risos Foi o tio Bertoldo, vós conhecei-lo também. foi buscar a mulherzinha, esteve então muito tempo de ca- na cama, muito tempo sem ir, sem se sem caminhar.


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