INQ1 Até às vezes se diz que passou uma pessoa e que…
INF Que deu um mau ar. É.
INQ2 É.
INQ1 A criança está com mau ar, é?
INF Pois, que lhe botaram mau ar à criança, apanhou mau ar.
INQ1 E a criança ficou com quê?
INF Ficou paralítica, se calhar, tolhida dum lado, muitas vezes.
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 E o que é que se faz para lhe retirar esse mau ar?
INF Limpa-se com uma boina [pausa] ou com uma meia dum homem – com a boina da cabeça ou com a meia dum homem.
INQ1 Dum homem qualquer?
INF Sim. Dum Tem que ser dum homem, duma mulher não.
INQ1 Mas é de qualquer homem?
INF Qualquer homem. Qualquer homem. [pausa] Esse mau ar é limpo com a boina ou com a meia.
INQ1 E como é que sabem que é mau ar e que não é, sei lá, um ataque?
INF Olhe, quantas vezes há um animal que está, se calhar, numa corte, e vai, abrem uma porta e tumba! E depois vai Eu não o sei limpar por acaso, mas vai uma senhora e limpa e o animal levanta.
INQ1 E o que é que ela diz enquanto está a limpar?
INF Reza-lhe umas palavras que eu não sei. "Mau ar vai-te daqui, [pausa] a boina e a meia andam atrás de ti"… Mas agora não sei mais para a frente. É. Limpa assim.
INQ2 E dão algum nome?…
INQ1 E não há aqui ninguém que saiba essa, essa reza?
INF Ainda as há. Até aqui esta velhotinha do Jácome, [vocalização] a nossa vizinha que eu disse outro dia que sabia cantar, essa sabe, que limpava. A nós, em nossa casa, também nos limpou.
INQ1 Portanto…
INQ2 E da-, e dava algum nome à, às pessoas que a gente, que se julgava que davam mau ar às?…
INF Não, porque muitas vezes, a gente não dá conta. Se calhar, ao abrir uma porta, vem esse mau ar. A gente não sabe donde é que vem.
INQ2 Pois.
INF Outras vezes, dizem: "Olha, aquela botou-me mau olhado". [pausa] Dizem assim.