INF Nós aqui [vocalização] Havia uma velhotinha que morreu, que era uma minha [vocalização], vá, prima – que era ela do meu pai –, mas já morreu há três anos com oitenta e cinco anos. E essa é que sabia tudo quanto [pausa] quanto tocava do do acto. Mas nós já não conhecemos nunca esse acto. Só em Vilar é que ele fomos já lá a um ele.
INQ1 Portanto, mas ela ainda é do tempo em que se fazia?
INF Ela era. Mas era a mais velhinha que aqui havia.
INQ1 E já morreu?
INF Já morreu. Essa aí é que sabia tudo ainda, do tempo passado. Mas nós não. Nós aqui na nossa terra, desde que eu nasci nunca houve isto. Vamos a Vilar. Quando é que fazem lá o acto, nós vamos a Vilar [pausa] ver.
INQ1 Mas lá fazem só pela Páscoa, não é?
INF É. E é dia de Ramos, que é dois dias antes da Páscoa oito dias antes da Páscoa, ou mesmo nos três dias que nós dizemos que é quando morre o senhor, que é os dias da ressurreição. Quando morre é que eles fazem esse acto.
INQ1 Olhe, como é que se chama àquela, àquela semana que vai do domingo de Ramos ao domingo de Páscoa?
INF A semana da quaresma e da paixão.
INQ1 E a quinta-feira?
INF Da paixão.
INQ1 Quinta-feira da paixão?
INF E quinta-feira santa. E sexta-feira santa. [pausa] É os dois di-. É.
INQ1 Não é quinta-feira de endoenças, sexta-feira da paixão?
INF Aqui, não senhor.
INQ1 E sábado de aleluia?
INF Nada.
INQ1 Não?
INF Aqui é quinta-feira santa e sexta-feira santa. Quinta-feira da paixão e se- sexta-feira da paixão.
INQ1 Está bem. Olhe, e depois da, da Páscoa, no primeiro de Maio… Quando chegava o mês de Maio, o que é que se fazia?
INF Pois. Nada. Aqui na nossa terra nada.
INQ1 Mas não havia assim um dia qualquer em que iam para o campo apanhar espigas e ramos de flores para pôr em casa?
INF Aqui…
INQ2 Numa quinta-feira? Quinta-feira da espiga, não?
INF Nada. Aqui não se consta essa quinta-feira. Aqui quando é que se apanham [pausa] umas flores – e só os garotos só – é o dia 12 de Maio para fazermos uma procissão à Senhora de Fátima, que é o dia 13 de Maio.
INQ1 Ah!
INF Mas não é não é de espiga nem nada. O padre é que diz: "Miúdas, ide buscar umas flores para botares à Senhora de Fátima quando sairmos em procissão com ela". Depois dá a volta pelas ruas da aldeia e, ao ela recolher é que lhe deitam as flores.