INF1 No sábado, quando é aí quatro horas da manhã, eu estou em casa do do imperador. Quando eu chego, o imperador dá um bombão grande – que é um foguete grande. Os seus convidados já sabem que o marchante que chegou. E correm logo para ir ajudar, está a perceber?
INQ … Dizem, falou aqui de marchante…
INF1 Sim, marchante, sou eu.
INQ Pois, portanto, marchante e mestre é o mesmo?
INF1 Marchante é o homem que mata reses, é o homem que corta carne, é o homem… Está a perceber?
INQ Mas portanto, quer dizer, falar de marchante ou de mestre é a mesma coisa?
INF1 Sim. Quer dizer, o mestre é um homem que sabe, não é?
INQ Pois.
INF1 E como também o marchante é um homem que saiba, porque se não soubesse não o fazia, não é?
INQ Pois, não fazia isso.
INF1 Mas, quer dizer, eu sempre ouvi dizer: "Olha, é o marchante". É o homem que mata as reses, o homem que corta a carne, não é?
INQ Pois.
INF1 É o marchante.
INF2 Mas é tudo o mesmo.
INF1 É tudo o mesmo. Ser o mestre ou ser o marchante…
INQ Portanto, a altura em que o senhor vai chegando a casa do imperador, entra…
INF1 Eu chego e ele dá um foguete grande.
INQ Dá um foguete grande.
INF1 Quando dá um foguete grande, eu já vejo os vizinhos sairem e virem para ajudar porque já sabem que eu que cheguei.
INQ Pois.
INF1 Depois quando esses homens chegam, pois há ali uma distribuição, [pausa] da manhã, de um bocadinho de massa doce – não é? –, um calicezinho de aguardente, porque aquele ar é frio, da manhã cedo, e depois a gente pega a cortar carne. Ora [vocalização], cortar carne, aquilo ele tem várias divisões: eu vou dividindo carne para alcatra, vou dividindo carne para sopa, vou dividindo carne para esmolas. Porque depois há umas esmolas dadas aos convidados: um quilo e meio de carne a cada casa. A quem ele convidou, está a perceber? Portanto, eu vou cortando: a carne que é própria para sopa, eu vou apartando para sopa; a carne que é própria para alcatra eu vou apartando para alcatra; a carne que é própria para fazer um presente bonito para dar a este ou àquele, pois eu vou-a cortando. E continuo ao domingo, até acabar ao sábado, até acabar a carne, sempre desta forma. À maneira em que eu vou partindo, ele já vai distribuindo; são crianças que vão distribuindo por casa dos convidados a quem ele convidou. Aí por volta das dez horas, pois a gente resolve um almoço – não é? –, com bifes. Às vezes, bifes grelhados que eu faço mesmo na ocasião. Até que já se deu de eu estar a partir a carne – não é? –, e mais colegas meus a ajudar e, para não dar o trabalho às mulheres, a gente amanha uma grelha e [vocalização] a gente faz ali um braseal e ali a gente grelha os bifes – não é? –, e a gente come mesmo ali, quer dizer, [pausa] uma coisa de risada – não é? –, uma festa que a gente faz ali, a beber uns copos, até acabar as carnes. E [vocalização] quando se acaba de partir as carnes, eu então, nessa altura, tenho as alcatras para fazer. Faço as alcatras [pausa] e salgo a carne que é para a sopa. Quer dizer, preparar tudo para o dia seguinte – que é no domingo – estar tudo em ordem: estão as alcatras feitas, [vocalização] a carne da sopa salgadinha, do sábado, que é para no domingo de manhã então é que a gente prepará-la para a sopa.