INQ1 Aquele que é o dono do barco, portanto, quem é que manda no barco como é que se chama?
INF A gente, ele à [vocalização] à moda da Madeira é o arrais e aqui é o mestre.
INQ1 O senhor também andou à pesca na Madeira, foi?
INF Não senhor. Eu já [vocalização] andei à alvacora mas já foi há muito tempo.
INQ1 Rhum-rhum.
INF Aquela Aquela pesca dava tanto como essa.
INQ1 Dava quê?
INF Dava tanto como essa. Nenhuma delas dá nada! [pausa] Eu já experimentei tanta vida [pausa] e o dinheiro é é cada vez menos. Já estive na baleia que nem sequer um par de calças me deu!
INQ1 Mas era, onde é que arreavam aqui?
INF Ora, se fosse preciso era aqui mesmo.
INQ1 Era mesmo aqui?
INF Olha aqui as lanchas a cair, oh! Esses cães, esses donos desses cães é que é que criam dores à gente. E aq-, e a E aquele balcão grande que está ali em cima… O senhor está a ver aquela casa azul?
INQ1 Azul? Estou. Mais abaixo…
INF Onde, onde está Onde está aquele mastro, assim para cima?
INQ1 Sim, sim.
INF Aquilo é que era a [vocalização] companhia ali.
INQ2 Mas já há muito tempo que deixou de?…
INF Sim senhor. E eu E eu agora é que me estou a queixar dos braços – é, é e é das pernas – da água que eu apanhei!
INQ1 Mas depois… Mas rebocavam as baleias para aqui ou tinham que levar para outra ilha?
INF Para o Pico. A gente, a gente tinha muita vez que vinha aqui para o Negrito, [pausa] a remos. A gente a gente, a ge-, aí pe- aí penava muito. A remos! [vocalização] E depois a gente demos em cramar que o trabalho que era muito, [pausa] depois é que deu em botar para o Pico. O Pico ainda foi pior, que eles eles, eles davam a conta de todo o azeite à gente o que queriam. Roubavam à gente!