INF1 Antes de vir para a minha casa, eu morava naquela casa da Almerindinha, onde é que está agora a a que comprou o Ajax do, do, o Aja-, o Ajax, ali da do Aloísio, homem. Eu morava ali. E essa casa era alugada a- aos avós desse rapaz, à, ao à Senhora Dona Agrícia e à e ao Senhor Aristágoras. E esse rapaz era pequenino quando ele veio para a minha casa. Depois, levou três anos seguidos. E depois foram viver , os mais anos, foram viver para a casa da Agripina, lá acima, acolá .
INF2 Isso não interessa, o que interessa é o roubo.
INF1 Espera aí. Ora bem…
INF2 Senão nunca mais saímos daqui.
INF1 Mas eu estou a contar o que é.
INF2 Está bem…
INF1 Morreram os avós, sabes, ficou ele e uma tia deste este rapaz. No dia um No dia catorze de Agosto, vieram aqui para lhe alugar um dois quartos – para alugar dois quartos! Oh, mulher, era gente conhecida…
INF2 Alugastes vós os quartos.
INF1 Alugámos os quartos da minha filha, dois quartos. Dali a três dias, disse assim ele: "Senhora Aida, a porta da, da, da da estrada não fecha bem. A Senhora, se me desse a chave das traseiras, eu saía pelas por as traseiras". "Está bem, ó Senhor Aristarco, tome lá a chave", e tal. E deu-lha. Deu-lha… Ora bem, eles trouxeram uma rapariga dali do Porto, de quinze anos. E essa rapariga roubou-lhe, ao pai, apanhou-lhe ao pai [pausa] um cheque [pausa] de cento e sessenta contos, e fugiu com o gajo [pausa] e o ouro.
INF2 Com o tal Aristarco.
INF1 Sim, o tal Aristarco.
INF2 Ai, Aristarco!
INF1 Palavra de honra! Eu aluguei-lhe a casa. Nada de saber. No dia sete, tiveram uma parte um aparte e foi a guarda foi buscá-lo ali. Foi buscá- A guarda foi buscá-lo à ca-, à à casa. Por causa da rapariga parte da… da, da polícia lá de Lisboa. E foi para a guarda. A minha mulher deu: "Ó Seu Al-"! "Ó senho- Aida, não esteja aí- não esteja aí com dúvidas, que isto não é nada. Eu quero logo falar consigo". No dia sete [pausa] deste mês. No dia sete, veio da guarda, roubou-me – só minhas, da minha mulhe-, do meu rapaz, que é do meu rapaz – vinte garrafas de uísque. À minha filha, roubou-lhe [pausa] noventa garrafas de todas as espécies – de uísque, de brande, de tudo – que trazi- que trazia da França.
INF2 Tinha alguma Tinha alguma carrinha para levar isso então.
INF1 Espera lá. Roubou-me uma motosserra [pausa] de cinquenta contos, aquela grande de gasolina, de ga-, de gasoli- sem estrear.
INF2 Isso era para vender, que ele não ia para o monte com ela.
INF1 Não, homem!
INF2 Não era para trabalhar com ela.
INF1 Mas houve quem visse! Mas não lhe fadava, não o fadava, sabe? A vizinhança viu tudo, a carri- uma carrinha amarela.