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VPA20

Vila Praia de Âncora, excerto 20

LocalidadeVila Praia de Âncora (Caminha, Viana do Castelo)
AssuntoA sociedade
Informante(s) Agesilau Agostinha

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INF1 Antes de vir para a minha casa, eu morava naquela casa da Almerindinha, onde é que está agora a a que comprou o Ajax do, do, o Aja-, o Ajax, ali da do Aloísio, homem. Eu morava ali. E essa casa era alugada a- aos avós desse rapaz, à, ao à Senhora Dona Agrícia e à e ao Senhor Aristágoras. E esse rapaz era pequenino quando ele veio para a minha casa. Depois, levou três anos seguidos. E depois foram viver , os mais anos, foram viver para a casa da Agripina, acima, acolá .

INF2 Isso não interessa, o que interessa é o roubo.

INF1 Espera . Ora bem

INF2 Senão nunca mais saímos daqui.

INF1 Mas eu estou a contar o que é.

INF2 Está bem

INF1 Morreram os avós, sabes, ficou ele e uma tia deste este rapaz. No dia um No dia catorze de Agosto, vieram aqui para lhe alugar um dois quartos para alugar dois quartos! Oh, mulher, era gente conhecida

INF2 Alugastes vós os quartos.

INF1 Alugámos os quartos da minha filha, dois quartos. Dali a três dias, disse assim ele: "Senhora Aida, a porta da, da, da da estrada não fecha bem. A Senhora, se me desse a chave das traseiras, eu saía pelas por as traseiras". "Está bem, ó Senhor Aristarco, tome a chave", e tal. E deu-lha. Deu-lha Ora bem, eles trouxeram uma rapariga dali do Porto, de quinze anos. E essa rapariga roubou-lhe, ao pai, apanhou-lhe ao pai [pausa] um cheque [pausa] de cento e sessenta contos, e fugiu com o gajo [pausa] e o ouro.

INF2 Com o tal Aristarco.

INF1 Sim, o tal Aristarco.

INF2 Ai, Aristarco!

INF1 Palavra de honra! Eu aluguei-lhe a casa. Nada de saber. No dia sete, tiveram uma parte um aparte e foi a guarda foi buscá-lo ali. Foi buscá- A guarda foi buscá-lo à ca-, à à casa. Por causa da rapariga parte da da, da polícia de Lisboa. E foi para a guarda. A minha mulher deu: "Ó Seu Al-"! "Ó senho- Aida, não esteja aí- não esteja com dúvidas, que isto não é nada. Eu quero logo falar consigo". No dia sete [pausa] deste mês. No dia sete, veio da guarda, roubou-me minhas, da minha mulhe-, do meu rapaz, que é do meu rapaz vinte garrafas de uísque. À minha filha, roubou-lhe [pausa] noventa garrafas de todas as espécies de uísque, de brande, de tudo que trazi- que trazia da França.

INF2 Tinha alguma Tinha alguma carrinha para levar isso então.

INF1 Espera . Roubou-me uma motosserra [pausa] de cinquenta contos, aquela grande de gasolina, de ga-, de gasoli- sem estrear.

INF2 Isso era para vender, que ele não ia para o monte com ela.

INF1 Não, homem!

INF2 Não era para trabalhar com ela.

INF1 Mas houve quem visse! Mas não lhe fadava, não o fadava, sabe? A vizinhança viu tudo, a carri- uma carrinha amarela.


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