INF1 Portanto, a gente, já no meu tempo, havi- era um senhor que havia de, de Mira- de por cima de Miranda do Corvo, que trazia… Que vinha cá. Que fornecia as tecedeiras. Ia buscá-la [vocalização] – ali as linhas, as meadas – [pausa] a Vizela. À fábrica a Vizela. E é que fornecia aqui as tecedeiras – a linha. E a lã era dum senhor que… [vocalização] A lã de ovelha era cá fia-. Era fiada – as velhas, as pessoas mais idosas.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 E E aquela que era… Depois mais tarde, começou a aparecer o senhor Eduardo – não era Eduarda? –, o senhor Eduardo, e é que trazia a lã de maçaroca de fábrica. E é que fornecia aqui as tecedeiras.
INQ2 Rhum-rhum.
INF2 Ainda hoje é.
INF1 Pois, ainda hoje,
INF2 Ainda é hoje ele. A fábrica não é dele mas é dos netos.
INF1 ainda É ele, a fábrica… Pois, dos netos. Ainda é ele que tem…
INQ1 Pois. Mas essa lã de ovelha como é que era trabalhada? Não tinham um, uns, umas tábuas com uns dentes?
INF2 Não, a lã de ovelha não vinha da fábrica. A lã de ovelha era aqui.
INF1 Não, não. A lã de ovelha era tudo fiado à mão. Era um fuso que [vocalização] , assim uma uma coisinha pequenina, assim deste tamanho.
INF2 É um fuso.
INF1 Ele é Era um fuso, chamava-se o fuso. Ia, ia Ia-se cardando assim a lã… Mas a lã havia de ser suja da ovelha. Havia de ter… Não Não havia de ser lavada. Havia de ser assim como ela saía da ovelha é que havia de ser fiada. E depois então é que a gente fazia as meadas na, na na dobadoira, [pausa] embrulhava-se, e depois é que era lavado. Não havia detergentes. Era lavada só com águas quentes para sair aquela coisa de…
INF2 O sabugo.
INF1 Sugo de. O sabugo das ovelhas. [pausa] E E era batida, e bem corada, e bem lavada em águas limpas e depois é que se [pausa] dobrava para novelo, e depois é que era feita a obra.
INQ1 Então, o que era cardar, que a senhora falou?
INF1 Cardar era…
INF2 É com os dedos puxar.
INF1 Era com os dedos assim, fazer fio fininho da lã, ir torcendo, torcendo, e depois com o fuso ia-se torcendo…
INQ1 Rhum.