INF1 A rã em sendo bem arranjada também é boa.
INF2 É.
INF1 Ali os quartos das arrãs?! Embora, faz cá uma petisqueira!
INF2 É bom é. Eu até, eu podia falar nisso que eu então já comi.
INF1 Então aí, uma vez, um gajo mandou-me sentar num sítio: "Senta-te lá aqui um bocado… Senta-te lá aqui um bocado que eu não me demoro. Vou buscar ali um petiscozinho". E o gajo foi. Aparece-me lá com um tarrinho, cheio; pus-me a comer e é que eu comi bem! Comi bem e sabia-me bem! Bebemos lá uns copinhos de vinho e comi bem. Depois de comer aquele coiso, e tal, tal, tal, ele estava-me lembrando de rãs, de cágado, de coisas dessas – era uma carne muito branca e boa, e coisa e tal. No fim de comer contas, depois disse-me que eram alguns três ou quatro lagartos.
INQ Lagartos?
INF1 Lagarto. Poh! Cale-se daí, oh!
INQ Mas todos ou só as pernas?
INF1 Não. Aquilo é esfolado, e é ali o lombo, e é as pernas, e é ali um bocado também do pescoço. Pois. E esteve ali na vila, esteve ali [vocalização] um espanhol com uma loja, tinha ali uma loja, esse espanhol era quantos os moços arranjassem, quantos ele comprava. E em os comprando dava dez tostões – nesse tempo da vida barata –, dava dez tostões, quinze tostões por um por um lagarto, coisa e tal, tal, tal. E em o moço abalando, a gente estava-se a rir, e ele dizia: "Riem-se?! Eu como". Eles lá em Espanha chamam-lhe sardoni. O lagarto, que a gente aqui diz lagarto, lá em Espanha é sardoni. E o gajo, dizia ele assim: "Comam lá sardinhas podres, que eu como sardoni"! E mamava-os que era o fim do mundo, o espanhol. E eu aquele dia comi e o gajo disse-me que era lagarto. E o caso foi que eu depois de o ter comido… Se ele me tem dito antes, talvez que eu não comesse. Mas comi e senti-me bem. Não me senti cá mal, não me fez mal nenhum e [vocalização] era bom! E era bom! Pois.