ALV50

Alvor, excerto 50

LocalidadeAlvor (Portimão, Faro)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Ápio Aristógenes Assunção Aspásia

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INQ Então e lobisomens, conte . Havia um?

INF1 Havia sim senhor. Havia um lobisomem chamado Azor Belmiro Aquiles Benjamim.

INF2 O Aquiles era Aquiles Benjamim.

INF1 Havia um lobisomem chamado Aquiles. Havia [vocalização] Havia também um Aquilino. [vocalização]

INF3 Havia muitos!

INF1 Havia muitos mas um eu conheci o Aquilino. Fazia albardas . [pausa] e assim metia-se do Era borracho. Era bom Era assim borracheiro, [vocalização] de bebida.

INF3 Metia-se nos copos.

INF1 Bebia. E depois, quando estava bêbedo, dizia o nome delas todas. Estava três, quatro dias de cama das porradas que elas lhe davam. Davam-lhe cada caldeirada de porrada, diz ele assim: "Oh! Andei com Esta noite andei com aquela às costas". "Andei com assim" Ah, elas sabiam, vinham a casa, davam-lhe tantas, tantas, tantas que ficava de cama. Era esse. E o Aquiles E o Aquiles Benjamim, a mãe sabia que ele era lobisomem e diz: "Ai, tirar a sina do meu filho, [pausa] tirar a sina do meu filho"! Diz ela assim: "O que há-de eu fazer"? ó Aristógenes, então?

INF2 Então, quem quer falar, aqui não .

INF1 "O que há-de eu fazer"? Diz as vizinhas assim: "Para tirar a sina do meu filho, diz que queimado" Aristógenes, então assim não se entende, eu estou falando e estou com a ideia em ti.

INF4 Ele se cala, ele se cala.

INF2 Fala tu, que eu

INF1 Não, então estou com a ideia em ti. E diz ela assim: "O que é que há-de se fazer"? "Ó vizinhas, a gente tem que queimar a roupa dele". "Tem que queimar a roupa dele, mas como é que se queima, como é que se faz isso"? Não sabia, diziam elas assim: "Olhe, mais experiência" Que eles tinham mais experiência, que ouviam dizer. Diz assim: "Bem, apanham a roupa [pausa] dele quando se foi despir" Quando estava a feição, faziam os tales serões, chamavam os tales serões da empreita, que havia aqui muita gente que se governava [pausa] era das esteirinhas. E depois, estava tudo em serão, e diz ela assim tinha duas portas , diz ela assim: "Agora vou-me eu ver" a altas horas da noite , "diz que é à sexta-feira e à terça-feira, agora vou-me eu ver se [pausa] o meu filho está". [pausa] Que ele às vezes não dava notícia. Sabia que ele era e, às vezes "Mas, vou-me eu ver se ele está". Ela, às vezes, achava por falta dele. Ele era solteiro e [vocalização] foi ver: "Não está. O meu filho saiu". Saiu, mas diziam. [pausa] que era da estrumeira, ela não deu com a roupa. Diz ela assim: "Oh, outro dia tenho que ir à pergunta dele". Tal não era a aflição, quando ele saiu, foram. A mãe foi atrás, foi atrás, sem Aquilo era um quintal, escondeu-se e a [vocalização] travessa, ele despir-se Chamavam-lhe uma travessa era onde onde é que deitavam o lixo antigamente. E aquilo era arrumado mesmo a Alvor, no fim de Alvor. E a mãe viu ele despir-se nu. Despiu-se todo nu, não deixou roupa nenhuma. E ele andou às reboletas pelo esterco. [pausa] Andou às reboletas pelo esterco e pôs a roupa num moitão. [vocalização], daí a uma meia hora ou isso, a mãe vem contar. A mãe vem contar daí a meia hora e diz as vizinhas: "Vai buscá-la e queima-a ! [pausa] Queima-a na rua. Entre para dentro"! Tudo no quintal: "Queime-a , dê-lhe fogo . além num instante". [vocalização] De maneira que foi, chegou ali, [vocalização] d- deu-lhe fogo à roupa, fugiu para casa. Não tardou um instante, está ele. [pausa] está ele, havia patada nas portas, havia havia empurrão, havia Eu sei ! Desejava de partir tudo em casa. As mulheres, tudo com medo, tudo trancado e bem trancado! Estiveram com medo, não saíram a noite toda dali. E ele que levou A luta levou Não sei o tempo que a luta levou, [pausa] naquilo. E [vocalização] desejava de matar todos. E chegou a pontos que chegou a madrugada, [pausa] aquilo passou. Mais tarde ele punha-se: "Minha mãe, venha-me dar uma roupa para eu vestir, minha mãe, que eu não faço mal". A mãe tinha medo e as vizinhas "Minha mãe, venha" Esteve ele nu até de manhã, com o sol, ta- dentro do quintal. Estava tudo cheio de medo. "Minha mãe, venha-me dar roupa, que eu não faço mal". Mais tarde, quando [pausa] quase ao nascer do sol, a mãe jogou-lhe a roupa pela janela, e diz ele: "Eu não faço mal a ninguém". [vocalização]

INF3 tinha passado.

INF1 Acabou a sina. Nunca mais se ouviu dizer que ele era lobisomem. Queimaram-lhe a roupa. Pois sucedeu essa se deu .


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