INQ Como é que se fazia… Quando se queria fazer carvão, como é que se fazia? Explique-me lá isso?
INF Aquilo quando é que [vocalização] que se começava a fazer um forno desses – que era o que se chamava também era um forno –, [vocalização] punha-se; [pausa] uns paus [pausa] assim no chão. [pausa] Um aqui, o outro além. E aqueles madeirões – às vezes, troços de árvores, inteirinhas e direitas – punha-se atravessado em cima daqueles paus, [pausa] que era para não ficarem assentes no chão. [pausa] Que era para quando o lume lá chegava, [pausa] eles estavam no ar, e o lume apanhava-os bem. E se estivessem assentados assentes no chão, o lume não os apanhava. Porque a parte que estava assente no chão ficava sempre crua. Não ficava cozida; não ficava a fazer carvão. E então [pausa] aquilo era posto assim e depois dali era ir encostando madeira, madeira, madeira. [vocalização] Quer dizer, ficavam uns deitados, assim a fazer um certo vulto, e depois era postos assim de pé. Encostados; todos encostados; todos encostados. Mas, quer dizer, [vocalização] a deixar [pausa] buracos pequenos; [pausa] porque, é claro, a madeira encostada uma à outra fica sempre buracos e [vocalização] . E se ficasse buracos grandes, aquilo avagava muito [pausa] e podia abrir uma aberta na terra; [pausa] e desde essa aberta, começava a sair o lume por lá, começava a fazer cinza em vez de fazer carvão.
INQ Então, quando estava a pôr a madeira toda, o que é que dizia que estava a fazer?
INF Estava a enfornar.
INQ Depois deixava-se uns buraquinhos por cima do…
INF Isso era depois de a terra estar lá posta, [pausa] é que ficava [pausa] uns buracos assim [vocalização] perto do chão. [pausa] . E depois assim ao meio d-, do, do da altura do do coiso [pausa] ficava também outros buracos na terra [pausa] para coiso. E ficava um no cimo. E quando [pausa] o lume perseguia um sítio daqueles buracos [pausa] via-se logo. Por o fumo, via-se logo que o lume que estava a trabalhar forte naquele sítio. Punha-se-lhe um terrão em cima [pausa] e se se visse que aquilo que estava a demasiar um bocadinho, punha-se-lhe terra para cima que era para tapar a respiração, que era para o lume não ir lá. Porque se o lume começasse continuasse lá a fazer, fazia era cinza; não fazia carvão.