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CDR21

Cedros, excerto 21

LocationCedros (Horta, Horta)
SubjectAs aves de capoeira
Informant(s) Joana
SurveyALEPG
Survey year1977
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INQ E dava algum nome ao primeiro ovo delas, que era assim mais pequenino?

INF Freima. [pausa] É uma freima.

INQ Era o primeiro da postura?

INF Mas Não.

INQ Ou era o primeiro que ela punha na vida dela?

INF [vocalização] Não. É o primei- É o que é mais miúdo. Pode não ser o primeiro na postura nem da nem da vida. É o que é mais miudinho [pausa] é que é uma freima.

INQ Rhum-rhum. E

INF E até uma superstição que eu não sabia, este ano é que soube , pessoas que têm superstição com essa freima: que se aparece uma freima no seu galinheiro, vão ter um azar, vão ter um desastre. Eu então nunca isso nem nunca tinha ouvido. Este ano eu ouvi isso. Ele a gata

INQ Rhum-rhum. Mas essa freima tinha gema e clara da mesma maneira?

INF Ele muito pequenina. E até algumas que nem tem gema. tem aquela manchazinha de clara e nem tem gema.

INQ Rhum-rhum. E um, um, um, às vezes podia ser um ovo ou podia ser uma maçaneta duma porta que se punha no ninheiro, que era para elas se habituarem a fazer, a pôr sempre no mesmo sítio

INF Antigamente não se não se fazia. A gente chamava o indês. Mas agora não. Habituámos Habitua-se as galinhas a não ter ovo no, no no ninho [pausa] e elas põem à mesma.

INQ Rhum-rhum.

INF Mas era: não se podia ter o [vocalização] ninho sem ter uma o indês não é? Porque quando eu era pequena lembro-me, ia buscar os ovos: "Deixaste o indês"? Era. Tinha que se deixar o indês para a galinha. Até havia pessoas que era um ovo muito velho, que ficava para muito tempo. Outras era [vocalização] sempre dum dia para o outro, para ficar sempre o ovo fresco.

INQ Rhum-rhum. Então quando ela estava em cima dos ovos, dizia que estava a?

INF No choco.

INQ Estava a quê?

INF E antigamente Estava a chocar ele os ov- os pintos.

INQ Rhum-rhum.

INF Até antigamente ele aqui [vocalização] trinta anos para trás , ninguém criava galinhas presas, a galinha era uma ave solta. E a galinha solta, pois, ia para onde queria e sumiam muitos ovos. E [vocalização] E muitas vezes, se andava a galinha solta, andava o galo solto, pois os pin- elas caíam no choco.

INQ Rhum-rhum.

INF E vinham com muitas ninhadas de pintos. E aqueles é que não tinham prejuízo. A gente, às vezes, punha uma galinha no choco e elas partiam ovos, e a gente vinha e, às vezes, acabavam por não tirar pinto nenhum. E aquelas que caíam por si Ele amiúd- amiúda muito a galinha e não tem muita vantagem, mas a vantagem de os pintos terem muito mais saúde, tem. A galinha que caía por si no choco era a p- "Achei uma galinha no choco com tantos ovos"! E ficavam para por sua conta e ela vinha quando tinha os pintos tirados, é que vinha com as suas ninhadas de pintos.


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