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CDR57

Cedros, excerto 57

LocalidadeCedros (Horta, Horta)
AssuntoA ceifa, a debulha e a desfolhada
Informante(s) Joana

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INF A eira era feita de cré. Era acombrada em volta da [pausa] Por exemplo, aquilo Eu não me lembro de se fazer nenhuma eira nova Não, eu lembro-me de fazer-se alguma eira nova aqui, mas poucas. Por exemplo, as eiras eram acombradas; ia-se à pedreira encomendar a pedra, os combros, que era uma uns bocados de pedra, mais ou menos do mesmo tamanho, que não era pedra [vocalização] da melhor, e era feita, mais ou menos no mesmo tamanho e na mesma altura. Depois era chamado o pedreiro que ia acombrar a eira. [vocalização] A eira era acombrada e depois era rodada, fazia limpavam a terra, e depois era carreado o cré. Ora, o meu marido até talvez saiba quantas carradas de cré é que levava, mas era à volta de trinta carradas de cré [pausa] que se punha

INQ Que se punha por cima da terra?

INF Não. Punha-se dentro da terra

INQ Ah, essas pedras era para pôr à volta?

INF [vocalização] Fazia-se como, a As pedras era para para rodar a ei- para

INQ Chamavam-se os combros?

INF Os combros, que era para vedar a eira.

INQ Rhum-rhum.

INF Ele sei , combros mais ou menos naquela

INQ Como estas que tem aqui fora?

INF Como estas que tenho aqui fora; ele mais ou menos vinte e cinco centímetros ou trinta.

INQ Rhum-rhum.

INF Portanto, [vocalização] depois de estar a eira acombrada, era rodada a eira por dentro, para ficar baixo, para depois poder levar a cré. Afundavam, [pausa] sei , uns trinta centímetros. Porque para pôr ali dentro de vinte a trinta carradas de cré, era muita carrada. Ia-se buscar o cré ao Salão. Convidavam-se dez ou doze carros ou Que eu penso que era uma carrada que iam buscar por cada vez. Era um dia que se ia buscar cré.

INQ Rhum-rhum.

INF Iam de manhã os carros com as vacas, e [vocalização] e ia-se buscar o cré, e estendiam o cré na eira Havia então uma pessoa que não ganhava, mas era o mestre da eira, é que sabia destinar a eira. Portanto, a eira era feita [pausa] com água, faziam como uma uma malaçada, um [vocalização] barro, e era com muita gadaria, a eira bem fechada de gado a calcar, a calcar aquilo para o chão, [pausa] e os homens a bater com paus. [vocalização] O gado apezinhavam, para fazer como um vidro, [vocalização] para aquilo abater, para o chão, e os homens calcavam com uns paus, [pausa] uns paus que não era paus, era [pausa] Não estou a ver bem mas eu penso que era assim: o pau tinha um pau grosso, maior, em baixo, e depois em cima tinha um que encavava e o homem pegava no pau e ia batendo para para abater a eira; depois de a eira ficar fei- fei- isso era nesse dia. E depois ficava, ainda mais oito ou dez dias, sempre a trabalharem na eira, de dia. [vocalização] Havia uma grade, se- umas grades que não eram com uns dentes de ferro, eram com dentes de madeira. E ficavam ele durante dois oito, dez dias também agora não estou a prever bem, mas era um uma quantidade de dias a and- o gado sempre a andar com aquela grade, para fazer o vidro da eira. Quando a eira E então nesse nesses dias não era ele com [vocalização] com gente de fora. Mas havia pessoas Porque não havia muitos gados e aquilo cansava o gado! E eles iam ajudando: [vocalização] um dia ia um da parte da manhã, outro da parte da tarde, iam ajudando. E o que era o mestre da eira é que ia ver quando é que a eira estava a modo de ficar. Quando a eira começava a cantar o, a, a, a a grade passava e aquilo guinchava: "Olha, a eira está quase feita, que está a guinchar" está ca- a cantar! " está a grade está a cantar". E assim ficavam as eiras feitas. Depois Ainda umas quantas eiras de cré, mas poucas. Algumas acertavam muito bem, outras não acertavam tão bem. Começavam a desfazer, começavam a desfa- a esfarelar. Agora vinte e [vocalização] vinte e cinco, vinte e seis anos para , as pessoas começaram a substituir o cré pela cimento. E normalmente as eiras são feitas de cimento. E muitas eiras que desapareceram. As pessoas [vocalização] deixaram de [vocalização] Fazem uns pequenos eirados diante da porta com cimento, porque também a eira hoje não tem grande utilidade.

INQ Claro.

INF Não se faz [vocalização] O trigo desapareceu; semea- malhava-se o tremoço, também está com tendência mesmo a desaparecer e mesmo havia muito pouco. Porque a eira era muito [vocalização] A maior importância de a eira ser redonda era para a debulha do trigo. Porque para um malhar o tremoço, ou outra coisa que se malhe, tanto faz ser redonda como quadrada, porque malha-se de qualquer maneira. O trigo é que tinha que ser redondo para a vaca poder andar de roda.


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