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CLH09

Ribeira Seca, excerto 9

LocationRibeira Seca (Calheta, Angra do Heroísmo)
SubjectOs cereais
Informant(s) Idalinda Heraclides
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Gabriela Vitorino João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INF1 Antigamente a gente não usava isto.

INQ1 Ah!

INF1 A gente antigamente não se fazia isto. O mi-

INQ2 Ah, a do pião? A burra?

INF1 Não, não é. Nem havia burras [pausa] de milho.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 O milho que havia era todo para secar. se pendurava o milho que era para semente.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 A gente, por exemplo, deixa semente em milho para semear para o ano. Porque sabe para o ano, não se não deixar semente, não tem que semear.

INQ2 Pois.

INF1 A gente deixa. Mas então deixava era em maçarocas a gente dizia uma cambada. Íamos, às vezes, visitar o Menino Jesus não sei se a senhora sabe o que é?

INQ1 Não.

INF2 Não. Não conhece. Também

INF1 É no primeiro dia do ano, vai-se visitar o Menino Jesus. Aqui vai a muitas ilhas!

INQ1 Sim.

INF1 E antigamente sabe não havia fartura como hoje em dia. Muitas pessoas levavam uma cambada de milho; muitas crianças levavam milho;

INQ1 Pois.

INF1 outros levavam batatas-doces; outros levavam batatas da terra. Eu também levei duas cambadinhas de milho e ia bem presunçosa visitar o Menino Jesus!

INQ1 Claro.

INF1 Com aquilo. A gente dizia que era cambada de milho. Agora ele diz que é Como é?

INQ1 Cambulhão.

INQ2 Cambulhão.

INF2 É o cambulhão.

INF1 Porque é mais! Porque é mais maçarocas.

INF2 Ou camb- Ou cambulhões ou cambadas, [vocalização] é assim. Pronto.

INF1 Pois, mas que aquilo é mais

INF2 Eu não sei porque que nunca fiz então daquilo, daquelas para guardar milho.

INF1 Sabe ajuntam a casca ali duma mancheia de maçarocas

INQ2 Rhum.

INF1 e [vocalização] e dobram assim uma coisinha

INQ2 É.

INF1 e passam assim uma corriola ali de roda e penduram aquilo.

INQ2 Era isso.

INF1 Hoje é mais porque [pausa] adianta mais.

INQ2 Rhum.

INF1 Sabe se fosse A gente usava a botar quatro maçarocas em cada em cada cambada; se fosse seis, era apertadinho.

INQ2 Rhum. Mas esse, esse milho que era para semente, depois p-, pendurava-se nas árvores para secar, ou não?

INF1 Nas árvores, sim, que furtavam-no! Era em casa! A gente pendurava Se, por exemplo, a casa

INQ1 Aonde? Na cozinha?

INF1 Se, por exemplo, a cozinha na era Porque antigamente era assim desta maneira, dentro, desenripada, mas era assim, não tinha tabique. Mas tinha uns tirantes. A gente dependurava nos tirantes.

INQ2 Rhum-rhum.

INF1 Os ratos, às vezes, iam e comiam. Risos Era para irem adiante. Os ratos, às vezes, iam e faziam um buraco no coisa para ir comer. Mas a gente pendurava aquilo em casa ou se. Quem tinha palheiros A gente não tinha palheiros que prestassem. Ele mesmo era aberto. A gente tinha medo de o furtarem. Levávamos para casa, pendurávamos, nem sequer era na cozinha, era para fora, nos quartos da cama, nos tirantes.


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