INF1 Antigamente a gente não usava isto.
INQ1 Ah!
INF1 A gente antigamente não se fazia isto. O mi-
INQ2 Ah, a do pião? A burra?
INF1 Não, não é. Nem havia burras [pausa] de milho.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 O milho que havia era todo para secar. Só se pendurava o milho que era para semente.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 A gente, por exemplo, deixa semente em milho para semear para o ano. Porque – já sabe – para o ano, não se não deixar semente, não tem que semear.
INQ2 Pois.
INF1 A gente deixa. Mas então deixava era em maçarocas – a gente dizia uma cambada. Íamos, às vezes, visitar o Menino Jesus – não sei se a senhora sabe o que é?
INQ1 Não.
INF2 Não. Não conhece. Também
INF1 É no primeiro dia do ano, vai-se visitar o Menino Jesus. Aqui vai a muitas ilhas!
INQ1 Sim.
INF1 E antigamente – já sabe – não havia fartura como há hoje em dia. Muitas pessoas levavam uma cambada de milho; muitas crianças levavam milho;
INQ1 Pois.
INF1 outros levavam batatas-doces; outros levavam batatas da terra. Eu também já levei duas cambadinhas de milho e ia bem presunçosa visitar o Menino Jesus!
INQ1 Claro.
INF1 Com aquilo. A gente dizia que era cambada de milho. Agora ele diz que é… Como é?
INQ1 Cambulhão.
INQ2 Cambulhão.
INF2 É o cambulhão.
INF1 Porque é mais! Porque é mais maçarocas.
INF2 Ou camb- Ou cambulhões ou cambadas, [vocalização] é assim. Pronto.
INF1 Pois, mas só que aquilo é mais…
INF2 Eu não sei porque que nunca fiz então daquilo, daquelas para guardar milho.
INF1 Sabe ajuntam a casca ali duma mancheia de maçarocas
INQ2 Rhum.
INF1 e [vocalização] e dobram assim uma coisinha
INQ2 É.
INF1 e passam assim uma corriola ali de roda e penduram aquilo.
INQ2 Era isso.
INF1 Hoje é mais porque [pausa] adianta mais.
INQ2 Rhum.
INF1 Sabe se fosse só… A gente usava a botar quatro maçarocas em cada em cada cambada; se fosse seis, já era apertadinho.
INQ2 Rhum. Mas esse, esse milho que era para semente, depois p-, pendurava-se nas árvores para secar, ou não?
INF1 Nas árvores, sim, que furtavam-no! Era em casa! A gente pendurava… Se, por exemplo, a casa
INQ1 Aonde? Na cozinha?
INF1 Se, por exemplo, a cozinha na era… Porque antigamente era assim desta maneira, dentro, já desenripada, mas era assim, não tinha tabique. Mas tinha uns tirantes. A gente dependurava nos tirantes.
INQ2 Rhum-rhum.
INF1 Os ratos, às vezes, iam lá e comiam. Risos Era para irem adiante. Os ratos, às vezes, iam lá e faziam um buraco no coisa para ir comer. Mas a gente pendurava aquilo em casa ou se. Quem tinha palheiros… A gente lá não tinha palheiros que prestassem. Ele mesmo era aberto. A gente tinha medo de o furtarem. Levávamos para casa, pendurávamos, nem sequer era na cozinha, era lá para fora, nos quartos da cama, nos tirantes.