INF Eu fui concertado, em novo, além para a aldeia dos Monturinhos. Fui para além concertado, em novo. Tinha dezoito anos. Fui para lá para carreiro – andar estar com uma parelha. Sopro para avivar o lume
INQ Ficou lá muito tempo?
INF Hã?
INQ Ficou lá… Nos Monturinhos ficou lá muito tempo, ou não?
INF Estive lá um ano. Depois, ao fim de um ano, o meu pai não queria que eu lá ficasse. Porque eu era também alvário.
INQ Rhum.
INF Pois. E o meu pai dizia: "Está para além e depois a gente não sabe o que ele faz! Para além se torna aborrecido. Quem é que sabe agora o que ele para lá faz"?! O povo lá não me largava! Não senhora, não me largava! Sopro para avivar o lume O dia quando eu me vim embora… Que depois eu ganhava trigo… Eu ganhava trigo – chama-lhe a gente o ensacado –, ganhava trigo. E depois eu vim-me embora no dia 15 de Agosto – no dia 14 de Agosto. E depois daí a [vocalização] a uns dias fui lá buscar o resto do trigo. Mas fui logo… Levei uns burros que tinha o meu pai, e um carro e pensei em ir num domingo. Pensei em ir num domingo. Esse domingo, assim que deram razão de mim, vieram ter logo cá ao princípio do povo. Tiraram-me os burros e o carro, levaram-nos não sei para onde, e depois o resto do dia, fomos medir o trigo. Ele depois o resto do dia foi paródia. A rapaziada e as raparigas, tudo de roda de mim! Tudo de roda de mim! Ninguém Não me deixavam. Não senhora! Não me deixavam. Eu já tive um sonho com uma rapariga de lá e era rica. Mas era muito minha amiga. E bonitinha! E ela morreu, já há muito ano. Morreu nova. Morreu aí com dezasseis ou dezassete anos. Tive um sonho com ela. Uma noite estava deitado – está claro – e [vocalização] tive um sonho com ela. Que era um baile aqui no Carrapatelo. E eu cheguei ao pé do baile e não conhecia ninguém. Era a sonhar, não conhecia ninguém. Ele depois ouço uma pessoa a dizer assim: "Ah, isto é família dos Hermínios". E depois começaram a cantar. Eu, o cante, soube-o muito tempo mas hoje já não sei. Mas ainda me lembra um verso que eu ouvi no sonho. Um verso assim – ela era Inês, essa rapariguita, era Inês – "Inesita, vais à festa"? "Vou sim, ó meu lindo amor". "Inesita, vais à festa, pois então vai-te compor". Depois apareceu ela na roda. Já tinha morrido há mais de uma dúzia de anos, ou duas! Veja lá!