GIA15

Gião, excerto 15

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Cunegundes

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INQ E que tipos de chouriças é que fazia?

INF Fazíamos de sangue. Chamávamos chouriças de sangue, chouriças de couros e chouriças de farinha e chouriças de carne.

INQ Ah! Uma grande variedade!

INF Era. Ai, uma variedade! Ai, meu Deus! Eu se me visse A gente podia comer tudo tão bem, agora tudo faz mal. Ai, meu Deus! Mas também ele as coisas eram outras, não sei. A gente ia então àquelas [pausa] tiras que era para derreter, as tais tiras que a gente cortava

INQ Sim.

INF Tinha de as esfolar, não é? Esfolava, tirava-lhe couro. Ficavam para derreter. E aqueles couros, a gente não tirava não os esfolava assim muito fininhos. Partíamos com a faca a ficar um couro com um bocadinho de, de, de

INQ De carne.

INF de carne com aquela carne gorda, um bocadinho. Partia-se toda aos quadradinhos miudinhos. Toda a gente a partir couros! Era uma penitência! A gente fazia aquilo muito miudinho, os couros muito aos quadradinhos muito miudinhos. [pausa] E fazíamos depois: deitávamos o sal e vinho e [vocalização] o sangue de porco. O sangue e [vocalização] e um bocadinho de vi- de vinho e, e elas e um pisquinho de farinha, de nada, ali, e um bocadinho de gordo também para para elas não ficarem muito secas.

INQ Pois.

INF Pronto! Faziam-se ali as chouriças deixava-se um pedaço sem encher , da própria tripa.

INQ Pois.

INF Que agora é tudo de plástico até.

INQ Mas antes era mesmo

INF E a gente fazia assim e depois dava-lhe metia numa panela de água a ferver e pendurava-as um

INQ Pois.

INF um dia ao fumo, com bastante fumo ali no lar.


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