INQ Desde o princípio, como se prepara a terra até…
INF1 Bom, prepara-se a terra, o lavrador vai, lavra [pausa] a terra duas vezes, ou até três. É decruada e travessada, depois é semeada. Semeia-se o linho. Passado tempo de o linho estar nascido, vai ver se há erva e a gente monda-o; e depois de o linho estar já grande, com a flor, a flor deita uma casulinha que é a semente. Está pronto. O linho O linho cresce bastante e deita uma casulita que é a semente. Depois a semente, depois, quando está seco, a gente arranca o linho e sacode a semente para qualquer coisa – num toldo ou qualquer coisa, como a gente lhe chama; não pode ser na terra, no chão, não é? –, e [vocalização] aquela semente guarda-se; o linho, depois, quando está bem seco, aquele, o cana a cana do linho vai-se a levar para o ribeiro, para o rio; está lá oito dias. A gente vai ao ribeiro – chamamos até uns ribeirozinhos onde íamos metê-lo –, e tapava-se, punha-se com muitas pedras, para ele não vir acima, ficava no fundo; passados oito dias, a gente ia tirar o linho, estendia-se ali por aquelas [vocalização] terras fora ou um que estivesse em volta, estendia-se ali o linho; e depois ia-se buscar, quando estivesse seco ia-se buscar. Quando houvesse vagar e se pudesse, chamavam-se [vocalização] mulheres – que lhe chamavam as maçadeiras – com umas maças, maçavam, maçavam, maçavam; depois de maçar, uma delas, ou duas ou três – conforme era o linho das pessoas e que eles aqueles que tivessem muito –, com umas com uns panos de estopa, esfregavam, esfregavam muito bem esfregadinho; depois de esfregado iam para uns coisos de cortiça – que lhe chamavam uns cortiços –, e elas punham aquilo e, com uma espadadela, espadavam, espadavam até ficar bem espadado; depois de espadado – mais ou menos, depois passado uns tempos, não era logo tudo assim umas coisas atrás das outras, não é? –, passado uns tempos, iam a [vocalização] [pausa] o restelo, parece que era restelo que chamam, o restelo, a restelá-lo para ficar… Tiravam o melhor e ficava o mais ruim. Tiravam o linho melhor e ia ficando o outro que se chama estopa, que era a mais grossa; e depois faziam aquilo nas estribas – chamavam estribas –, passado quando pudessem, durante o Inverno é que se fiava, punha-se nas rocas e fiava-se. Aquele melhorzinho era o linho – o linho fino, fiado donde é que vem o lençol, que se pode ver, aquilo é que era linho – e o outro era estopa, que depois faziam [vocalização] colchões, que eram colchões de palha, que se metia não era só a palha que há agora, os colchões e isso. E agora desses colchões, sacos… Nessas casas ricas havia sacos para… Não havia sacos como é agora, é sacos de estopa para a sementeira, para as colheitas, para o cereal e isso, era esses sacos.
INF2 Para a eira.
INF1 Para levar para as eiras. E sacos, ainda no outro dia fiz um jogo, bem bonito e a Clara também dirá terá, desses sacos grossos.
INF2
INF1 Desses sacos grossos, de que que eram antigos. Eram antigos. Eu tenho ali ainda alguns. Uns bocados que ainda é para fazer alguma coisa, mas a minha idade já não me permite fazer muito.
INF2 Não, não!
INF1 E E de maneira que se fazia assim. A i- Ah, mas ainda não disse: depois de, do disso, de estar compostinho, ia ao tear.