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LUZ23

Vale Chaim de Baixo, excerto 23

LocationVale Chaim de Baixo (Odemira, Beja)
SubjectA criação de gado
Informant(s) Cirilo
SurveyALEPG
Survey year1995
Interviewer(s)Luísa Segura da Cruz Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 O senhor também andou com gado?

INF Também. Também andei com gado, andei. Andei com bois, andei com vacas, andei [vocalização] com bezerrinhos pequenos. Andei com essas com esses animaizinhos todos. Pois.

INQ1 Pois.

INF Mas [vocalização] aquilo tem tem Sim, quer dizer que durante durante o Inverno, [pausa] eles iam para a arramada, tratavam-se deles à mão, pois, retraçava-se-lhe de cevada, caldeava-se com palha num retraçadouro, pois, e a gente chamava-se uma arramada. Fazia-se o

INQ1 Esse é ao de casa, não é?

INF Pois, era mesmo ao de casa. Ao de casa?! Era dentro de casa, [pausa] vamos assim.

INQ1 Rhum-rhum.

INF Pois. As arramadas são são ao de casa e outras até são pegadas às casas, portanto, uma casinha à parte, que é as arramadas.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Para que gado?

INF Pois. Era para bois e, bois e vacas. Pois. E então a gente, [pausa] quer dizer que quando viesse era [vocalização] Elas iam para o trabalho, e do trabalho [pausa] Das arramadas iam para o bebedoiro, p- iam beber; e do depois de beber, iam para a, para a para a lavoura. Iam fazer alqueive, fazer sementeira, essas coisas todas. Pois, como fosse Conforme fosse o tempo. E depois cevava-se, [pausa] e vinham para a arramada. Dava-se-lhe água e vinham para a arramada. Fulano depois durante a noite, [pausa] durante à noite, pois que era chegavam sol posto de todo quando chegavam às arramadas, nesse tempo, pois, depois a gente pegávamos, tínhamos comida retraçada dentro desse das tais gorpelhas, caldeadas com palha, ?

INQ1 E onde é que punham para elas comerem?

INF Pois. Dentro das manjedoiras. Por exemplo, começávamos-lhe a prantar dentro das manjedoiras, começávamos a tratá-las às posturas. Não enchíamos a manjedoira. Deitávamos agora uma postura a uma, outra postura a outra, outra postura a outra, e assim fazíamos isso tudo. Pois. E elas iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo, iam comendo Deixavam de comer, [pausa] a gente deixava de lhe dar. Pois. Deitavam-se, descansavam, pronto! A gente estávamos mais um pouco ao do fogo, íamos para a tarimba que tínhamos na arramada.

INQ1 Pois.

INF No outro dia levantávamos, fazíamos [vocalização] Era com com o mesmo estilo, com a mesma coisa. Pois.

INQ1 Pois.

INF Toca a retraçar cevada e caldear com palha e dar-lhe para eles comerem. Pois. E ainda tinha mais outra: quando a gente íamos para a lavoura, hum? Isto era na sementeira na sementeira e no alqueive, mas principalmente mais na na sementeira , ia uma umas cevadeiras, feitas em saca,

INQ1 Ah!

INF com palha dentro e cevada em rama, e cevada debulhada e às vezes até um punhado de farelos, que havia [vocalização] que a gente tirava-lhe das cozeduras. Misturava-se isso tudo, e depois ao meio-dia davam-se-lhe aquilo. Depois a gente ia Quando a gente ia ao jantar,

INQ1 Rhum-rhum.

INF comer ao meio-dia, pusémos o gado a descansar e , enfiámos aquilo na, na, na ali no focinho d- dos animais e

INQ2 Mas é como se fosse uma alcofa?

INF Pois. Era uma cevadeira, mesmo era como se fosse mesmo uma saca. Uma saca, meia saca , cheia de palha e cevada, e o gado comia aquilo tudo, comia, comia, comia, comia, porque o gado não havia de ir para de manhã e estar a comer até à noite sem nada.

INQ2 Claro.

INQ1 Pois claro.

INF Pois. E assim comiam aquilo, ficavam tratados.

INQ1 Pois.

INQ2 Pois.


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