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MLD01

Melides, excerto 1

LocationMelides (Grândola, Setúbal)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Fúlvio Gracinda
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Celeste Augusto
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Que idade é que o senhor tem?

INF1 Eu até tenho vergonha de dizer a minha idade, veja a senhora.

INQ1 me disseram mais ou menos.

INF1 a ver.

INQ1 Que o senhor tinha setenta e tal.

INF1 Quê?

INQ1 Setenta e tal.

INF1 Ah, setenta! Tenho cinquenta e nove.

INQ1 Tem cinquenta e nove?

INF2 Não.

INF1 Pois. Oh! Oh! Oh!

INF2 Tem setenta.

INQ1 me tinham dito. Está bem. Pronto, então tem cinquenta e nove. Pronto, para os amigos, fica cinquenta e nove.

INF1 Fiz setenta agora no dia primeiro [pausa] de Dezembro.

INQ2 Não parece.

INF1 foi.

INQ1 Setenta?

INF1 Eu estou despachado qualquer uma hora para fazer uma viagem à lua.

INQ1 Ora!

INQ2 Está nada!

INF1 Oh!

INQ2 Mas é que não parece!

INF1 Não parece?!

INQ1 Sim, uma viagem à lua não é mau!

INF2 Ah bem!

INQ1 Se fosse à lua mesmo!

INF1 Qualquer dia hei-de fazer uma viagem é para baixo.

INQ1 Olhe, e o seu pai também era carpinteiro ou não?

INF1 Não, não. Ele não era, não. Não era ninguém da minha família.

INQ1 da sua família não era ninguém.

INF1 Não.

INQ1 Então como é que o senhor se lembrou de ser carpinteiro?

INF1 Foi por causa da música.

INQ1 Da música?

INF1 Pois. você?! o que gosto da música!

INQ2 Diga .

INF1 Eu tocava música em gaiato pequeno. Tinha doze anos. Depois um homem além daquela casa redonda aquela casa que está além diante?

INQ1 Sim.

INF1

INF2 Lembro-me. Esse homem morreu.

INF1 Esse homem depois estava estava a banhos num barracão em cima numa praia. E depois eu fui . A minha mãe depois quis-me mandar embora de casa. Mas eu, eu gostei de estar mais ele. No dia vim para , vim para , a minha mãe deu-me um tempero de porrada, fiquei em casa. E estavam homens então no barracão mais ele, e eu vim buscar a comida para eles. E foram-lhe dizer a ele. Ele, no outro dia, mandou-me buscar. E pronto. Fui para servir para a casa dele. Ele tinha a oficina e depois fui aprender o ofício. [pausa] Por causa da música.

INQ2 Portanto, era

INQ1 Pois.

INF1 Porque eu tocava música. Ele é que me ensinou a música também. Afinal de contas

INQ1 Mas o senhor gostava mais da música?

INF1 Eu gostava e gosto.

INQ2 O que é que tocava?

INF1 Requinta. Conhece?

INQ1 Não.

INF1 Um instrumento pequenino. Parece um clarinete.

INQ1 Ah! Como é que lhe chama? Esse instrumento, como é que se chama?

INF1 Requinta.

INQ1 Requinta?

INF1 Afinal de contas, foi mesmo por causa disso mesmo. E depois ele Enfim, coisas. Arranjei aqui estas casitas, tenho estado aqui mais [vocalização] sempre.

INQ1 Pois, pois. Portanto

INF1 Fui para casa dele tinha doze anos. Eu tenho setenta, veja quantos anos ? [pausa] Cinquenta e oito.

INQ1 Cinquenta e oito anos.

INF1 É. cinquenta e oito anos. E está morto.

INQ1 tem direito a descansar.

INF1 , . E está isto preso por pouco tempo! Qualquer dia, [pausa] carta de chamada, andor!

INQ1 Não! Tem direito é a descansar antes disso.

INQ2 Não. Pode é descansar.

INF1 Pois.

INQ1 Não é? trabalhou tanto tempo.


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