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MST24

Monsanto, excerto 24

LocationMonsanto (Idanha-a-Nova, Castelo Branco)
SubjectOfícios, profissões e outras actividades
Informant(s) Amável Ambrosina
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ E sempre viveu aqui? É daqui mesmo?

INF1 Sou de Monsanto.

INQ É de Monsanto ou da Relva?

INF2 É daqui.

INF1 Relva. , Monsanto, [vocalização] Relva.

INF2 Relva e Monsanto é tudo o mesmo.

INQ Pois.

INF2 Tudo, tudo a mesma coisa

INF1 Bom, é tudo Monsanto, . Mas [vocalização] estou na Relva.

INQ Pois. E sempre viveu ?

INF1 Sempre, toda a vida. Nasci , [pausa] e hei-de morrer, com certeza. Vamos a ver .

INF2 Mora aqui ao de nós. Mesmo a casa dele está virada à nossa.

INQ Pois. E teve sempre esta profissão?

INF1 Sempre, sempre.

INQ Ou trabalhou outras coisas?

INF1 Nunca fiz mais nada nenhuma.

INF2 Não faz mais nada noutro serviço senão neste.

INF1 A idade chega para, para o tr- para o serviço. chega.

INQ Ah, acho que sim.

INF1 Com setenta anos nesta vida! A trabalhar de dia e de noite! Tive semanas Fins-de-semana sem me deitar [vocalização] Dia e noite sempre a trabalhar.

INQ E nunca teve nenhum aprendiz aqui consigo?

INF1 Tive muito, muito aprendiz, mas ninguém ficou.

INQ Não gostam do trabalho?

INF1 Ah, não gostam?! Foram a [vocalização] passear para Lisboa e para a polícia, guarda-fiscal, guarda-republicana [pausa] e para os bombeiros. É vida mais descansada. Aqui é suja. É uma vida porca. , [pausa] Porca não é [vocalização]

INF2

INQ Pois.

INF1 É preta, mas não é .

INQ Claro.

INF1 É pior quase o moleiro do que é o ferreiro.

INQ Ah, sim, sim.

INF1 É que ele ainda amassa a farinha e nós aqui [vocalização] ainda sacode-se e abala. [pausa] Mas enfim.

INQ E portanto, a sua família, a sua mulher também é daqui?

INF2 Também.

INF1 A minha mulher também é de .

INQ E a sua, os seus pais também eram daqui? Também de Monsanto?

INF1 Eram. Um era de Medelim. O meu pai era de Medelim. Veio a casar.

INQ Sim senhor.

INF2 Tem um filho, tem-no em Lisboa.

INF1 Tenho um filho. O filho não não quis ficar. Agora

INQ Não quis ficar a trabalhar?

INF2 Oh, quem se pode safar daqui

INF1 Está para Lisboa.

INF2 Este trabalho do campo custa muito a fazer. No outro ano vieram para [pausa] vieram para duas meninas também a aprender o trabalho do campo.

INF1 Ele sabe. Ele sabe fazer qualquer coisa mas [vocalização] [pausa] não quis isto. [pausa] Não quis. Está no Instituto de Ecologia [pausa] empregado.

INF2 Vieram à nossa fazenda connosco. E diziam: "Ai! Eu gosto muito disto, mas mas anda-se muito mal".

INF1 É segundo-chefe na secretaria.

INQ Pois. Então, quando o senhor acabar, quando o senhor não puder trabalhar, quem é que trabalha aqui?

INF1 Ah! Fica fechado. Ele não ninguém quase que trabalhe.

INF2 Ninguém. [pausa] Fica logo fechado.

INF1 Quem é que há-de trabalhar?

INF2 Ninguém aprende a arte.

INF1 Este povo é muito grande [pausa] este povo. Quer dizer, o maior que por temos É dos maiores .

INF2 Os arredores, tudo aqui vem a arranjar as coisas .

INQ Pois é. E depois quem é que arranja?

INF1 Se a senhora desse rai- volta a isto, isto é muito grande!


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