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MST33

Monsanto, excerto 33

LocationMonsanto (Idanha-a-Nova, Castelo Branco)
SubjectA agricultura
Informant(s) Ambrósio
SurveyALEPG
Survey year1980
Interviewer(s)João Saramago
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Enquanto a seara estava no campo, para se apanhar como é que se fazia? Antes de a trazer para a eira?

INF M- Mas estava ceifada ou por ceifar?

INQ1 Não, ainda não.

INF Ainda não estava ceifada?

INQ1 Não.

INF Era Eram pessoas a ceifar com foices. Mulheres e homens. E não havia máquinas para Ainda não havia máquinas. Agora Agora ceifam as máquinas. Mas quando eu era [pausa] putozinho era [vocalização] era a gente. Asqueles senhorios [pausa] arranjavam cordas de homens quase como é daqui [pausa] além, além àquele rolheiro além, ou àquele caminho além. Conforme Bom, era é conforme eram as searas [pausa] que arranjavam. Pertenciam sessenta alqueires a cada [vocalização] a cada homem e mulher. Depois havia senhorios que semeavam vinte e trinta moios, era vinte ou trinta quinteiros que metiam. Depois aquilo era tudo debulhado assim nos vais, tudo assim com gado, tudo à roda. [vocalização] Aqui arranjava um bocado. Ou andava aqui [vocalização] o gado a talhar naqueste [vocalização] Alimp- Moíam aqueste, estendiam logo além outro, que era para o gado nunca parar. Quando moíam naquele, os homens andavam aqui a limpar aqueste; depois moíam naquele, estendiam outro ou aqui, ou noutro lado , passava o gado para aquele, limpavam aquele. Era sempre assim.

INQ1 E como é que chamava a cada bocado que se punha ali para debulhar? Que n-, que não se punha a seara toda, de uma vez

INF Ah [vocalização] pois! [vocalização] Ele ainda ficava. Bom, que ele aquilo não se punha toda.

INQ1 Como é que se chamava a cada bocado que se punha na eira, ant-, para começar a debulhar?

INF [vocalização] Aquilo era vale. Bom [vocalização]

INQ1 no vale?

INF Pois, no vale. Aquilo Que ele é Chamavam-lhe vais. E para para havia muitos vais assim direitos. Vinha o tempo da, da [vocalização] assim da coisa, os vais estavam soltos, estendia-se-lhe a semente em cima. O gado [pausa] comia. Quando o gado moía aquilo, aquilo não ficava pasto nenhum. Ficava a terra.

INQ1 Pois.

INF Ma- Mas era uma terra que não fazia terra. Uma terra

INQ1 Pois.

INQ2 Oh senhor Ambrósio, mas agarravam assim num, num ou dois molhos de, de trigo?

INF Ai, dois molhos, minha senhora?!

INQ2 Mais?

INF At- [vocalização] Até três e quatro carradas. E sete e oito, conforme eram.

INQ2 Mas tudo de seguida? Debulhavam tudo ao mesmo tempo?

INF Tudo de Tudo seguido. Tudo assim assente. Começava-se aqui a assentar, assim aqui. Tudo, tudo. Uns de cima dos outros, uns de cima dos outros. Depois, o gado moía tudo aquilo por riba. Depois [pausa] passava assim por cima . Havi- Havia forquilhas. Depois, voltava-se a semente toda assim [pausa] para o outro lado. Todo! Aquela coisa toda, botavam assim tudo. Tornavam, de entrar para cima daquilo. Bom, o gado nunca parava. Depois moíam aquilo por riba, tornava-se a dar outro tombo para o outro lado, assim. Tudo! Dava três e quatro tombos ao dia, [pausa] conforme. Chegava-se a ponto que aquilo ficar ali moidinho como ficava ali, mi- Ficava o grãozinho todo, todo fora da palha! Sim, a gente chegava a puxar essa palha mas depois a gente com o vento

INQ1 Pois. Olhe

INF Com o vento, saía tudo.


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