R&D Unit funded by

MTV46

Montalvo, excerto 46

LocationMontalvo (Constância, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Guilherme
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ana Paula Banza Ernestina Carrilho
TranscriptionSandra Pereira
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.


INF Ah menina, menina! Veio morrer aqui a esta terra ! Risos

INQ1 Isto não morre assim!

INF Nem a Nem a terra a come!

INQ2 Ah que horror! Risos

INF Você Você é mesmo de Lisboa?

INQ3 Sou.

INF [vocalização] em Odivelas, eu ia muita vez visitar o cemitério. Aquilo é um é uma largura enorme, o cemitério.

INQ1 É muito grande, muita gente, também

INF Muito grande. Muita gente.

INQ3 muita gente.

INF É em cima na chã. Era em baixo, mas esse em baixo parou. Esse em baixo era pequenito quando aquilo era pequeno, quando era Odivelas velha, que Odivelas velha fica desde o rio para aquele lado Agora é tudo em cima, na chã. É tudo em cima. Mas aquilo é horror em ver! Estão Está homens sempre empregados! Fui uma vez Eles, quando têm um certo tempo, vão tirar as pessoas da da sepultura porque, claro, tem que ser mesmo nas terras grandes.

INQ1 Claro. Pois.

INF Aqui a gente não.

INQ1 Ai não? Ficam? Ficam?

INF A gente compra a sepultura. Eu, por acaso, tenho a sepultura da minha mulher comprada. Mas foi comprada para um irmão meu. E está o meu pai. E agora está a minha mulher. Se Deus Nosso Senhor quiser ou amanhã, ou quando calhar, quando Deus quiser , também para vou. Ela morreu sete anos, faz agora para o dia 8 de Agosto sete anos que ela me morreu. De maneira que eu vim e estavam Eles depois avisam as pessoas, as donas daquelas sepulturas que compraram. Mandam telegramas para a casa, para as pessoas e avisam para ir: "Tal dia, às tantas horas, apareça porque vai-se tirar os ossos" e tudo. Que aquilo é interessante! Tudo comido, o osso inteirinho, no fundo da cova, tudo. Havia Andavam pessoas por . Estavam duas miúdas, uma solteira e [vocalização] e uma casada, juntamente com o marido. Eh , a miúda chorava por chorar! Viu [vocalização] os os ossos do pai no fundo da cova, mas com a cabeça tombada à banda. [pausa] Pôs-se-lhe na ideia que o pai que tinha ido vivo, morto, que tinha ido vivo para a cova e que acabou de morrer no fim de estar tapado, de estar fechado. E o coveiro a dizer para eles: "Ó menina, não se não se preocupe por isso. Não é"

INQ1 Assim, notava-se se tinha a boca aberta

INF "É a gente, quando é a arrear quando é a arrear para baixo, quando é a arrear, a voltar os [vocalização] os caixões, quando é a arrear para baixo, e tudo, é claro, sempre aquilo desanda para um lado e para o outro. O corpo dentro torce. Vira-se para uma banda ou vira-se para a outra. E é assim é que foi o seu pai". E depois até a outra irmã mais velha, disse assim: "Ó senhor, para ver se cala a minha irmã, veja na perna direita, ele há-de ter uns ferros, que ele partiu uma perna e ele nunca m-, nunca t- nunca tirou os ferros". Assim [vocalização] as talas que, quando, quando quando partem uma perna, ou um , ou qualquer coisa assim. E o homem foi ver, realmente estava.

INQ1 Rhum.

INF Aquilo depois é metido dentro dumas urnas pequenas e vai para as gavetas. [pausa] Porque o cemitério tem tudo cheio de gavetas e vai vai tudo para as gavetas.

INQ2 Pois, umas gavetas.

INF Ali depois é que fica. E tudo. Também , para esta gente mais, da maior da mais alta, que [vocalização] está os caixões inteiros. Também aquelas coisas. Em [nome próprio] também havia. Também havia.

INQ1 Os jazigos.


Download XMLDownload textWaveform viewSentence view