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OUT14

Outeiro, excerto 14

LocationOuteiro (Bragança, Bragança)
SubjectO linho, a lã e o tear
Informant(s) Astreia
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira Luísa Segura da Cruz
TranscriptionCatarina Magro
RevisionMaria Lobo
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Dona Astreia e as arrancadas do linho, como é que eram?

INF As quê, as arrancadas?

INQ1 Quando andava a arrancar o linho?

INF Ah! As arrancadas

INQ1 Fazia-se alguma coisa, havia alguma festa, como é que era? Havia moças e Eram as moças?

INF Não. A, a, a A festa maior era era nos fiadeiros. Quando a gente espadava, juntavam-se os rapazes e as raparigas

INQ1 Então, conte . Como é que se fazia? Quem é que organizava os fiadeiros? Eram, eram as mães das moças?

INF Os fi As mães e as moças e os rapazes. Os rapazes eram loucos pelo fiadeiro porque [pausa] depois arranjavam bailes. Arranjávamos bailes.

INQ2 Rhum-rhum.

INQ1 Pois.

INF Por exemplo, eu eu metia quatro ou cinco espadadeiras, que eu ainda as meti muita vez, mesmo aqui. E E depois: [vocalização] "Ó senhora Astreia, 'dai-nos' os tascos"? "Dou". Ele vinham os rapazes e as raparigas, levavam os tascos para para o meio do barro e acendiam a fogueira, cantavam. E se houvesse castanhas, até assavam castanhas e bebiam a pinga. Depois contavam lhonas. Olhem, ele ainda fazem-me lembrar o

INQ1 Lhonas?

INF Sim, lhonas, quer dizer, histórias. Histórias, não é? Histórias [pausa] e adivinhas e assim umas coisas para fazer rir as pessoas. Que o meu ele era O meu era um deles, coitadinho.

INQ2 Pois.

INF Aquele outro O último ano [pausa] que se fez o fiadeiro , ele estava [pausa] e eu lhe disse assim: "Ó senhor Aristóteles, cale-se que nos dói até a barriga de tanto nos rir".

INQ2 Rhum-rhum.

INF Porque o meu era muito engraçado com histórias. Contava-lhe coisas, não é? E [vocalização] Mas depois [vocalização], tocavam às almas tocam aqui às almas neste sino , iam a tocar às almas, o meu fazia-os rezar, rezava e fazia-os rezar tudo. Mas olhe que hoje não se isso.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Hoje não se isso. E é assim. Pois olhe ele isso, disto da dos fiadeiros, era uma alegria, até se faziam bailes.

INQ1 Portanto os fiadeiros não era para fiar o linho?

INQ2 Não.

INF Não era para queimar para queimar os tascos que deitava o linho [pausa] é que eram os fiadeiros.

INQ1 Os tascos. Está bem. E também Mas aproveitavam para espadar alguma coisa ou não?

INF Quem queria aproveitar aproveitava. Eu estou-lhe a dizer. A minha mãe aproveitava. [pausa] Espadava aquilo três ou quatro vezes, ficava quase como as como as estrigas.

INQ1 Não, não é isso que eu estou a, a perguntar. É se, durante os fiadeiros, se se fazia algum trabalho?

INF Quer dizer, as ve- as senhoras, às vezes, faziam a meia, e fiavam na roca, [pausa] à roda do fiadeiro. Mas os rapazes e as raparigas dançavam e cantavam.

INQ2 Portanto, o fiadeiro era a fogueira que se fazia com os tascos?

INF Pois é [vocalização] . Era a fogueira com os tascos. Pois é isso é ele assim.

INQ1 Ah! Está bem!


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