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PIC06

Bandeiras, excerto 6

LocationBandeiras (Madalena, Horta)
SubjectA casa de habitação
Informant(s) Carina
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Manuela Barros Ferreira
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF Ah, sim. Fazemos filhoses, fazemos sopas doiradas,

INQ No Natal?

INF fazemos biscoitos. Sim senhora. Conforme. Às vezes, a gente sai que o trabalho não deixa a gente fazer tudo, faz-se uma coisa mais rápida. A gente chega Ele um bolo doce, às vezes é preciso acender o forno. E assim as filhoses, a gente bate-as, deita-se a gordura para o tacho e fazemos ali um quilo ou dois de filhoses num instante. É isso assim.

INQ Olhe, e estes bolos são na festa, propriamente, na festa do Espírito Santo ou também quando se fazem estas promessas a meio do ano também se fazem?

INF Para o Espírito Santo. Aquela [pausa] Também fazem. E eu também na minha casa, logo que tenho modo que eu sou uma criatura que trabalho na fábrica , mas logo que tenho, acendo o meu forno, faço três, quatro bolos de milho. Atrás, pego em dois quilos de farinha, que ali [vocalização] seis, sete, oito bolinhos, como a gente quer fazer o tamanho, faço. E depois, durante a semana, a gente quer um bocadinho de bolinho, ele torna-se molinho e macio, ele muita vez se mete na boca com um pingo de café e pronto!

INQ Mas este faz-se sempre com farinha de trigo?

INF É sempre, sempre. Não leva nenhuma de milho. É sempre assim.

INQ E como é que faz o bolo de farinha de milho?

INF Ah, pois, ele a farinha de milho então é fácil! Porque a farinha de milho, a gente peneira-a dentro da nossa selha, a gente peneira, põe-se ao lume a ferver, deita-se uma mãozinha de sal, escalda-se, muito bem mexidinho, deixa-se a massa cozer um bocadinho, e depois quando ela vem, que a ge- a massa está a querer arrefecer, a gente então mexe-a para não a massa não tomar o seu coirozinho por cima, para ficar boa. E depois, a gente amassa muito bem amassadinho, deitamos um punhado de farinha de trigo e enrol- amassamos, enrolamos o nosso bolo e tendemos e o cozemos.

INQ E coze-se no forno de pão?

INF É no forno, sim senhora.

INQ Também se pode cozer neste?

INF Neste? É à mesma, é à mesma.

INQ É mais depressa.

INF pessoas que fazem de várias maneiras. Até pessoas que têm uma frigideira das de fogão, que ele fazem o seu bolinho no fogão. Mas então a gente é [vocalização] próprio é o forno. O forno é que a gente lhe larga um braçado de lenha, é que arde e que cozemos o nosso bolo. E atrás aproveitamos fazer qualquer miudeza que precisamos: ou uns biscoitos, ou assar uma carne, ou assar umas postas de peixe Para a gente é conveniente é o forno da lenha!

INQ Olhe, para assar peixe o que é que usa? Onde é que mete o peixe?

INF É [vocalização] nuns tabuleirinhos que nós temos mesmo.

INQ De barro, ou de?

INF Ou nuns tabuleiros de lata, ou uns que a gente tem. Por exemplo, uns alguidarinhos antigos de barro, ou então nestes pírex que nós temos, que a gente deita Mas eu, eu faço diferente. Eu ponho o peixinho em cima dumas folhas de vinha, ponho a assar juntamente com o bolo, o peixe fica rosadinho, tiro-o para fora; ponho dentro do meu pirexinho uma roldanazinha de cebola, ponho o meu peixinho, vai outra vez, ou uma coisinha de manteiga ou uma coisinha de de gordura; torno a pôr outra roldanazinha de peixe, outra roldanazinha de cebola, e é que faço então o meu guisadozinho. Outras vezes também o roso, e faço então como quem faz o molhinho a carne: com a sua jamaicazinha, um pauzinho de canela, o seu colorau, e e lhe faço aquele molhinho assim como é quem faz a carne, sem levar cebola Assim é que eu faço o peixinho. Para ficar saboroso! Deita-se uma coisinha de malagueta, também é um petisco, com um copo de vinho! Risos Não é verdade?!


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