INF Ah, sim. Fazemos filhoses, fazemos sopas doiradas,
INQ No Natal?
INF fazemos biscoitos. Sim senhora. Conforme. Às vezes, a gente sai que o trabalho não deixa a gente fazer tudo, faz-se uma coisa mais rápida. A gente chega… Ele um bolo doce, às vezes é preciso acender o forno. E assim as filhoses, a gente bate-as, deita-se a gordura para o tacho e fazemos ali um quilo ou dois de filhoses num instante. É isso assim.
INQ Olhe, e estes bolos são só na festa, propriamente, na festa do Espírito Santo ou também quando se fazem estas promessas a meio do ano também se fazem?
INF Para o Espírito Santo. Aquela [pausa] Também fazem. E eu também na minha casa, logo que tenho modo – que eu sou uma criatura que trabalho na fábrica –, mas logo que tenho, acendo o meu forno, faço três, quatro bolos de milho. Atrás, pego em dois quilos de farinha, que dá ali [vocalização] seis, sete, oito bolinhos, como a gente quer fazer o tamanho, faço. E depois, durante a semana, a gente quer um bocadinho de bolinho, ele torna-se molinho e macio, ele muita vez se mete na boca com um pingo de café e pronto!
INQ Mas este faz-se sempre com farinha de trigo?
INF É sempre, sempre. Não leva nenhuma de milho. É sempre assim.
INQ E como é que faz o bolo de farinha de milho?
INF Ah, pois, ele a farinha de milho então é fácil! Porque a farinha de milho, a gente peneira-a dentro da nossa selha, a gente peneira, põe-se ao lume a ferver, deita-se uma mãozinha de sal, escalda-se, muito bem mexidinho, deixa-se a massa cozer um bocadinho, e depois quando ela vem, que a ge- a massa está a querer arrefecer, a gente então mexe-a para não a massa não tomar o seu coirozinho por cima, para ficar boa. E depois, a gente amassa muito bem amassadinho, deitamos um punhado de farinha de trigo e lá enrol- amassamos, enrolamos o nosso bolo e tendemos e lá o cozemos.
INQ E coze-se no forno de pão?
INF É no forno, sim senhora.
INQ Também se pode cozer neste?
INF Neste? É à mesma, é à mesma.
INQ … É mais depressa.
INF Há pessoas que fazem de várias maneiras. Até há pessoas que têm uma frigideira das de fogão, que ele fazem o seu bolinho no fogão. Mas então cá a gente é [vocalização] próprio é o forno. O forno é que a gente lhe larga um braçado de lenha, é que arde e que lá cozemos o nosso bolo. E atrás aproveitamos fazer qualquer miudeza que precisamos: ou uns biscoitos, ou assar uma carne, ou assar umas postas de peixe… Para a gente é conveniente é o forno da lenha!
INQ Olhe, para assar peixe o que é que usa? Onde é que mete o peixe?
INF É [vocalização] nuns tabuleirinhos que nós temos mesmo.
INQ De barro, ou de?…
INF Ou nuns tabuleiros de lata, ou uns que a gente tem. Por exemplo, uns alguidarinhos antigos de barro, ou então nestes pírex que nós temos, que a gente deita… Mas eu, eu faço diferente. Eu ponho o peixinho em cima dumas folhas de vinha, ponho a assar juntamente com o bolo, o peixe fica rosadinho, tiro-o para fora; lá ponho dentro do meu pirexinho uma roldanazinha de cebola, ponho o meu peixinho, lá vai outra vez, ou uma coisinha de manteiga ou uma coisinha de de gordura; torno a pôr outra roldanazinha de peixe, outra roldanazinha de cebola, e aí é que faço então o meu guisadozinho. Outras vezes também o roso, e faço então como quem faz o molhinho a carne: só com a sua jamaicazinha, um pauzinho de canela, o seu colorau, e e lá lhe faço aquele molhinho só assim como é quem faz a carne, sem levar cebola… Assim é que eu faço o peixinho. Para ficar saboroso! Deita-se uma coisinha de malagueta, também é um petisco, com um copo de vinho! Risos Não é verdade?!