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Madalena, excerto 35

LocalidadeMadalena (Madalena, Horta)
AssuntoOs barcos e a pesca
Informante(s) Booz

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INQ Então barcos especiais para essa pesca?

INF Não, é estes nossos barcos, é os mes- mesmos barcos. Fazem todos esta mesma pesca. o que tenho é o anzol, o arame é o é o mesmo. É o mesmo arame, conforme: a gente pescas que o arame é mais fino, outras é mais mais grosso. Por exemplo, esse da gata tem que ser um arame mais grosso. Mas [vocalização] o anzol, o anzol então é estorvado, é amarrado é é com um fio, ou com com um nylon caçam com o fio de nylon. E depois a gente chama aqui um trincafio, porque é com o arame muito fininho é todo embrulhadinho no tal c- na tal coisa. Que é: a gata tem uns dentes, para não cortar a seda fora, para quando quando apertar a boca, aperta no tal arame para não cortar [pausa] com os dentes, que os dentes da gata é muito fino também. E o tal tubarão é, a bem dizer O rabo é [vocalização] é uma espécie da gata ou do cação. Conhece o cação?

INQ Sim, sim.

INF Pois ele o rabo do do, do marracho é igual ao do cação. É a mesma coisa. vi, a pescar, estávamos no barco pescando, e eles virem até à gente, a vir comer o peixe que a gente traz. Comem o peixe. Andarem acolá [vocalização] cheios de fome, ali em volta da embarcação, a gente fazer pirraças a eles, até, às vezes, ter latas dentro, claro, chegou-se a fazer muita vez. Latas, a gente tem as latas que leva, às vezes, com engodos para o mar, ou um balde, e a gente tem anzóis , são uns anzóis grandes, e a gente, com um arame, como aquilo é um peixe que tem um dente muito fino, corta tudo, corta muito rápido e a gente faz ali [vocalização] amarra um anzol muito bem amarrado, com o arame. E a gente enfia ali [vocalização] um peixe ou dois, acolá uma isca, e a cabo dali de um metro ou dois, amarra o tal balde, muito bem amarrado, um preparo forte! E a gente bota-o e eles vêm logo comer. A gente A gente puxa para o anzol trancar bem na boca e depois deixa o balde caminhar. E ele depois desaparece. Vai sempre aquela impressão do do balde, vai ser até até matar. Risos

INQ Coitados! Risos

INF Faz-se estas pirraças também a eles. [pausa] peixe que a gente pesca Porque não ele, a bem dizer a gente não [vocalização] não têm utilidade nenhuma, nem prestam para comer, nem nada. E a gente, às vezes, estamos pescando e [vocalização] e muito fundo, e a gente tem que vir acá acima [pausa] para pôr outra isca ou para tirar aquele peixe da isca ou coisa, [vocalização] a gente chega, e a gente às vezes corta-os aos bocados e [vocalização] joga ao [vocalização] mar outra vez porque fazendo mal ao peixe! Mas aborrecidos com a nossa vida [pausa] do coiso! E eles não têm culpa nenhuma de pegar porque também estão com fome. Risos

INQ Pois.

INF Mas a gente tem que ser assim.

INQ E vão alimentar outros! Mata-se uns

INF Pois, vão alimentar outros. Vão alimentar ao tal marracho que se chama, porque é o marracho. Outros chamam o tubarão. A bem dizer, na pesca de submarina, nunca vi. Eu nunca vi. estive [pausa] uma vez, na pesca, estava mais um irmão meu, que é esse meu irmão que mergulhava mais eu, e esse outro dentro do barco. E ele me Iam-me a chamar depressa para eu saltar para dentro do barco, e vi a água dele, não vi Não vi mais nada não vi, eu não [vocalização] . vi, quando saltei, vi, quando ele [verbo] assim com o rabo, aquela água que ele fez, mas afinal não o vi. Mas os franceses, é um [vocalização] são uns homens que gostam do tubarão. Porque eles dizem que o tubarão não faz mal. [pausa] Que sendo dois, que podem fazer mal se se atacarem, se fizerem mal a ele; mas se não fere, o tubarão chega ao da gente, vem a fa- vem reparar, vem reconhecer o que é, e vai-se embora. Não sei se é verdade, se é mentira, porque nã- não vi, nem queria ver nenhum!

INQ De qualquer modo Pois, eu também não arriscava.

INF Não. Não queria mesmo ver nenhum. Este rapaz, que é este Beltrão, que ele é francês, este rapaz tem fotografias mesmo [vocalização] pesca do tubarão

INQ É francês ou é emigrante em França?

INF É francês mesmo. É um belíssimo rapaz. É de Paris mesmo. É dono duma fábrica de roupa de senhora. Veio aqui o primeiro ano aqui, aqui à pesca juntamente com um tio francês, também, que tinha vindo acá à pesca; depois queriam ir aqui aos ilhéus aqui, mas não tinham barco; como eu estava ali, falaram comigo se eu queria ir, e eu disse que sim. Fui. Chegaram ao porto, perguntaram: "Quanto é"?, e eu disse que não era nada. tive a pachorra de andar com eles. Disse que não era nada, eles deram-me o peixe até tinham apanhado duas anchovas e ainda se viu um mero , deram-me o peixe e deram-me trezentos escudos. Eu até nem queria pegar no dinheiro, eles me deram o dinheiro; depois se [vocalização] disseram se queria se eu podia ir ao outro dia, eu disse a eles que sim; e continuámos, fomos criando amizade e hoje em dia somos grandes amigos.


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