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PST14

Camacha, excerto 14

LocationCamacha (Porto Santo, Funchal)
SubjectA alimentação
Informant(s) Acidália Aarão
SurveyALEPG
Survey year1994
Interviewer(s)Gabriela Vitorino Luísa Segura da Cruz
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationCatarina Magro
LemmatizationDiana Reis

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INQ1 Olhe, e quando se salgava carne, onde é que, não havia uma coisa que se, onde se punha a carne toda salgada?

INF1 Então não é? Era uma salgadeira. De primeiro, era uma salgadeira de madeira, que minha mãe tinha.

INQ1 De madeira? E que punham o quê? Iam pondo a carne e o sal

INF1 E punha [vocalização] Salgavam. O meu pai salgava numa banheira e depois ia arrumando direitinho. E a cartola era de madeira por fora e por dentro era coberta de cimento, [pausa] para não derramar a moira. A moi

INQ1 Para não derramar o quê?

INF1 Derramar a moira. Porque a moira tinha que abafar a carne, quando não, dava-lhe o ranço.

INQ1 E como é que se fazia a moira?

INF1 Era com sal. [pausa] Eu fazia com sal e depois deitava-lhe um ovo. Se o ovo viesse acima de água, [pausa] a moira estava pronta.

INQ1 Portanto, depois de cobrir tudo com sal, deitavam-lhe a moira por cima?

INF1 Sim senhor. E até minha mãe punha umas pedras para a carne não levantar. Sim senhor. Ainda me lembra o

INQ1 E quanto, e quanto tempo é que isso durava? O ano inteiro?

INF1 Era co-, p-, podia-se Podia-se salgar hoje [pausa] e começar a comer [vocalização] amanhã. E se tivesse carne que desse para o ano inteiro, mas estava em cima daquela moira, nunca se lhe tocava com as mãos

INF2 Era tirado com um garfo

INF1 Era tirado com um garfo e a moira não [vocalização] . Porque [vocalização] tocando com as mãos, a moira [pausa] ficava estragada.

INF2 Que estraga a moira.

INQ2 Estraga-se.

INQ1 Estraga-se.


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