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STJ72

Couço, excerto 72

LocationCouço (Coruche, Santarém)
SubjectNão aplicável
Informant(s) Danilo
SurveyALEPG
Survey year1991
Interviewer(s)Ernestina Carrilho Maria Lobo
TranscriptionSandra Pereira
RevisionErnestina Carrilho
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMárcia Bolrinha
LemmatizationDiana Reis

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INF Todos os dias, levanto-me todos os dias às cinco horas. Bem dormindo cinco horas, estou satisfeito. [pausa] Faço de manhã: levanto-me, lavo-me, faço a barba, asseio-me [pausa] e faço a cama. É como na tropa. [pausa] Faço a vida como na tropa.

INQ1 Pois. Bons hábitos. Nunca se lembra, aqui nesta zona não havia linho?

INF Não houve quê?

INQ1 Linho.

INQ2 Linho.

INF Não, aqui não houve linho. Agora em Montargil houve. à fazenda onde que é minha um bocado, chamam-lhe até a Cova do Linho, que ficava aquilo

INQ1 Ai é?

INF Chamam, tenho Tenho um bocado de terra em Montargil ainda.

INQ1 Lembra-se dos trabalhos do linho?

INF Lembro: semeavam e era tal e qual como o trigo. [pausa] Semeavam, e ceifavam, e punham a secar. Depois vendiam para a para as tecedeiras.

INQ1 Rhum-rhum.

INF [vocalização] Eu não me lembro. O meu avô é que me contava. em Montargil havia tecedeiras. Faziam o linho, faziam lençóis e tinham teares para trabalhar. Isso tudo acabou. Mas regiões em Portugal que ainda não acabaram.

INQ1 Rhum-rhum.

INQ2 Rhum-rhum. Olhe, e como é que se chamava a semente do linho?

INF Era a semente.

INQ2 Rhum.

INF Era a semente do linho. Era como é a semente do trigo, como é a semente do milho, como é as sementes, era tudo.

INQ2 E um campo todo plantado?

INF Malhavam. Malhavam o linho e era semeado como o trigo. Eu ouvi muitas vezes ao meu avô. E eu também, ali em Montargil, era eu rapaz, havia um homem que no Vale de Mocho, que tinha um moinho [pausa] e tinha no meio da leira, no mofedo tinha uma, tinha uma leira de tinha uma leira de tabaco. E às vezes o meu pai fumava, ele era cliente, dava Uma vez o meu avô houve uma falta de tabaco e a gente foi eu mais o meu irmão fomos trocar. Um levava [pausa] meio alqueire de trigo e outro meio alqueire de milho. Depois eu fiquei a entreter o [vocalização] moleiro, e o meu irmão foi pelo vale acima, pôs dentro da blusa, pôs Cortou seis folhas. A minha mãe torrava-o no forno e fazia tabaco para fumar. Mas ele conheceu o rasto e fez queixas [vocalização] ao meu pai. Estivemos à [vocalização] à sombra de levar. O meu avô chegou, senão nós levávamos com a correia. [pausa] Depois o meu pai ralhou com o meu avô: "Não devia de mandar os rapazes, que eu não quero que os rapazes mexam em nada de ninguém. Senão levam com a correia". É a educação. A minha mãe era era uma mulher que tinha muito génio. O meu pai também. Nunca vi o meu pai a ralhar com a minha mãe. Nem a minha mãe com o meu pai. Mas quando um arreava, os outros não [vocalização] diziam nada. Se o outro arreava, não diziam nada.

INQ2 Rhum-rhum.

INF Não dizia nada. Se a minha mãe arreava com a com a correia Era com uma correia; tinham cada um uma correia para arrear. Era à correada. Pela cabeça nunca batiam. Era pelas nalgas é que levávamos porrada. Pela cabeça nunca batiam, pela cabeça de ninguém. Era ali com a correia pelas nalgas e pelas Era pelas nalgas é que levávamos. Pelas costas também não batiam nem por nem por coisa nenhuma. Era ali pelas nalgas é que levávamos as correadas.


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