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TRC67

Fontinhas, excerto 67

LocationFontinhas (Praia da Vitória, Angra do Heroísmo)
SubjectA agricultura
Informant(s) Camolino Celisa
SurveyALEPG
Survey year1979
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationSandra Pereira Márcia Bolrinha
LemmatizationMárcia Bolrinha

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INQ E aquele terreno que não pertence a nin-

INF1 Ou pastagens Pode ser mato, pode ser pastagens.

INQ Pois.

INF1 Que [vocalização] Que não são cultivados.

INQ E aquele que é de toda a gente?

INF1 Isso é o É tratado por vadio.

INQ Vadio?

INF1 É, sim senhor. Mas [vocalização] hoje pouco. O nosso governo meteu-se a tapar, tapou os vadios, a bem dizer, todos, para meter dinheiro para dentro, para arrendar a quem precisa deles

INQ Pois.

INF2 Para os seus bens.

INF1 Estão todos arrendados.

INQ Ah, para arrendar?

INF2 É. Arrendam.

INF1 Para arrendar, para meter dinheiro para dentro está a senhora a perceber? Quer dizer, ele também gastou o dinheiro. Ele também gastou dinheiro a tapar aqueles campos com paredes, e tanques e de águas e essas coisas, também a trabalhar tractores e, também gastou.

INF2 Gastou muito.

INF1 Gastou!? Ele gastou! Ele não gasta nada da sua algibeira! É. O nosso governo gasta é da é da gente.

INQ Da nossa.

INF2 Pois, se sabe que é. Mas t-, mas gast- Mas gastou!

INF1 Está bem. Mas gasta é da gente.

INQ Mas não era melhor quando estava tudo? Quando as pessoas podiam usar aquilo, toda a gente?

INF2 Pois era. Porque metiam reses para , para os vadios, tratavam por vadios.

INF1 É. Eu levava. Eu [vocalização] A senhora tinha, por exemplo, cinco ou dez ou quinze bezerras: "O Elísio deitou-as para a [NPR]". ?

INF2 ia vê-las.

INF1 Vai vê-las Vai vê-las, hoje, ou amanhã, ou daqui a quinze dias, ou daqui a três semanas, ou daqui a oito dias, ou vai vê-las; mas hoje não têm nada que ver porque os vadios, o nosso governo tapou-os todos.

INF2 Está tudo tapado.

INF1 Eu conheci matos para dentro, que eu ia para esses matos para dentro, a gente olhava [pausa] olhava, era vadios.

INF2 Mesmo não se bota reses para .

INF1 Era vadios. Agora a gente chega e não sabe onde é os vadios. É [vocalização] É criptomérias a fazer abrigos naquelas pastagens, duma banda para a outra, é t- é entradas para aquelas pastagens. Oh, pois, que horror.

INQ Ó senhor Camolino, e nesse tempo, as pessoas tinham obrigação de arranjar Sei , se havia assim uma coisa que era perigosa para os animais, as pessoas tinham todas obrigação de arranjar aquilo, ou não? Quando eram vadios, toda a gente podia ir pôr?

INF1 Sim, era Pois arranjavam e outros não se importavam de saber.

INQ Ah, não tinham obrigação de fazer esses?

INF2 Não tinham, não senhor.

INF1 Não arranjavam. Arranjou foi o nosso governo quando andou que fez o tapume, é que ele arranjou.

INF2 Ele é que tem arranjado, então.

INF1 Mas antes não arranjavam. Arranjar quê? Com o quê? Ah!

INF2 Não arranjavam! Metiam o seu gado àquele Bezerras que queriam criar, não tinham, não queriam pagar não podiam pagar renda,

INQ Pois.

INF2 metiam para o para o vadio tratavam por vadio.

INQ Pois.

INF2 E depois iam vê-las de, de de dias a dias.

INF1 É. Pois, e eu ia também, porque não havia muito dinheiro.

INQ Mas outras ilhas em que ainda é assim?

INF2 O quê?

INQ ilhas em que ainda é assim?

INF2 .

INQ Os vadios são do povo.

INF1 Há-de haver ilhas onde há-de haver vadios. Mas eles, as i-, as hoje está tudo ele muito apurado, que é coma esta questão de haver muito gado hoje à vista do que havia, porque os campos são outros.

INQ Pois.

INF1 É coma esse vadio. Isso é tudo tapado, mas é A senhora o que é que pensa, é centenas de moios. [vocalização] Isso está tudo em tratamento. Tudo em tratamento, está acrescentando gado a senhora está percebendo?

INQ Claro.

INF1 Quer dizer, faz uma diferença grande! Porque no vadio, tinham muito gado no vadio [vocalização] três, uma dúzia doutro, uma dúzia doutro, meia dúzia doutro, [vocalização] mais meia dúzia doutro , enfim, mas era uma coisa duma outra [nome] ou forma.

INF2 Que era coisa brava!

INF1 E ainda mesmo assim chegava-se a este tempo, a gente dizia: "Eh homem, tem que se recolher aquelas reses". Porque o vadio é desamparado, não havia tapume, não havia abrigo, não havia nada. [vocalização] "Tem que se recolher aquelas reses para dentro porque aquilo, agora, elas abatem-se naquele inverno"

INQ E o que é que faziam nessa altura?

INF1 [vocalização] Ficava aquilo para ali.

INQ E traziam as reses para?

INF2 Para abrigos.

INF1 E traziam as reses para outros lugares, para lugares que tinham seus, tapados e [vocalização] e com abrigos naquelas serras mesmo e

INQ O que é que diziam que estavam a fazer? Que iam fazer o quê às reses?

INF1 Era recolhê-las recolhê-las para dentro.

INQ Sim senhor.

INF1 Era recolhê-las para dentro.

INF2 Até passar o Inverno.

INF1 Quando passava o Inverno, pois tornavam-se a deitar outra vez para aqueles lugares e para além estavam aquele Verão todo para ali. Era assim é que se fazia.

INQ Sim senhor.

INF1 Mas hoje está tudo de uma maneira que não [pausa] Quer dizer, está dando mais interesse!

INF2 Está a dar interesse.

INF1 Está dando mais interesse porque os campos são tratados, e tapados e [vocalização] com aquelas criptomérias, e estremas a fazer abrigadas àqueles prédios [vocalização] Quer dizer, faz uma diferença que mete medo. Aqueles prédios hoje, um homem chega É como eu, estive Não, não muito tempo que eu estive, mais o meu filho e esta também. um lugar que eu agora dá-me vontade de rir, assim certas coisas , [vocalização] um lugar que é tratado pela Lagoa das Patas, mas é um recreio! Que está cheio de madeiral de criptoméria que é uma coisa medonha!

INF2 É uma coisa medonha!

INF1 Está aquela lagoa no meio, mas é um recreio de mesas! Aquilo quando é no Verão, a senhora o que é que pensa?!

INF2 Até ficam de noite!

INF1 O pessoal é coisa brava!

INQ Até ficam de noite?

INF2 Fazem Cozinham para comer e tudo.

INF1 Mas eu, no tempo que eu fui, era vadio! Não tinha criptomérias nem tinha nada! [vocalização] A gente A gente para se entender uns com os outros: "Olha, eu vi as tuas gueixas na Lagoa das Patas"! Ou: "Vi as tuas gueixas no Pico Gordo"! Ou: "Vi as tuas gueixas no Pau Velho"! Ou Quer dizer, isto nas ilhas era tudo vadios!

INQ Pois.

INF1 Hoje é "Homem, eh , vamos à Lagoa das Patas"! Eu quero-me ir à Lagoa das Patas, pois aquilo era um vadio ali .

INF2 Mas Mas está que é um palácio!

INF1 Oh, mas aquilo é um luxo que está ! Mas era como eu estou dizendo à senhora, era a rapa, s-

INQ Pois, pois.

INF1 silva, feto, que era era isto , , desta maneira. E tinha aquela lagoa ali.

INF2 Mas agora não tem isso.

INQ Pois.

INF1 É aqueles caminhos para , é tudo es- tudo com bagacinha.

INF2 Tem barraquinhas armadas.

INF1 Tudo O quê?! Um luxo, ! É um luxo! É um luxo!

INF2 É mesas!

INF1 É um luxo!

INF2 Mesas de pedra, então!

INQ Pois.

INF2 Umas mesas postas e elas com os seus fogões a fazer coisas para comerem.

INF1 É, a aquecer coisas para comer.

INF2 Aquecer comidas.

INF1 É um luxo ! É um luxo!

INF2 Consola a ver!

INQ Pois.

INF1 E era um vadio, como eu estou dizendo à senhora.

INF2 Vão para de recreio de Verão! Agora de Inverno não estão .

INF1 não!

INF2 Mas Mas de Verão vão para , ficam de uns dias para os outros, ficam às vezes dois, três dias, .

INF1 Oh, então não é! É carro que é medonho!

INF2 Levam bastante coisas para comer e depois estão prontas a estar sem fazer nada .

INQ Pois.

INF2 É. Andar por

INF1 É um recreio, é um recreio.

INF2 É um recreio.

INF1 É um recreio. Digo à senhora que é um recreio agora. E uma coisa que era um vadio! Quem é que fez aquilo? Foi o nosso governo [pausa] é que botou encheu aquilo tudo de matas Matas, mas é uma quantidade brava, que está fechado de matos por ali, que aquilo era tudo vadio. Tudo vadio!

INF2 É tocar violas! É bailar! É cantar , desta maneira!

INF1 Oh, aquilo é um luxo!

INQ Sim senhor.

INF2 Vão para passar uns pedaços.

INF1 É, é.

INF2 E dias.

INQ Pois.


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