INF1 Há uma certa altura – ali talvez em Abril, Maio – chamam uma sessão. Juntam-se os, os [pausa] os proprietários e [pausa] mais alguém que queira ir comparecer, e dizem assim: "Bem, quem é que quer ficar com a rega- com a regadia"?
INF2 Os proprietários.
INF1 Pronto, aqui é, é, é [pausa] é de porta à eira.
INF2 É de porta à eira.
INF1 E há outras.
INF3 Há outra além na frente.
INF1 Por exemplo, o senhor lança: "Eu fico com ela a duzentos escudos"! [pausa] E eu lanço: "Eu fico com ela a duzentos e cinquenta"! Aquele que mais dá é que fica!
INF2 Não, não.
INF3 Não, não. É o que mais barato faz.
INF1 Ou o que mais barato faz, então é que fica.
INF2 Porque se fosse ao lanço, [pausa] aquilo ia lá para umas alturas!
INF1 E então… Pois.
INQ Ah, pois.
INF2 Porque aquilo é…
INF1 E então, se a senhora quer regar, desde o momento que entre a regadia, a senhora tem que pedir a água a esse senhor. Porque senão a senhora tira, eu tiro, [vocalização] os meus sogros tiram, a água não chega para ninguém e não é para ninguém.
INF2 E jogam a bulha!
INF1 E jogam a bulha! Por isso mesmo é que há é que há um juiz [pausa] para para dirigir a água.
INF2 Tem que ir manter a ordem.
INF1 Portanto, a gente quando quer regar… Não digo que não vá ali [pausa] uma vez e tire a água sem ordem, mas isso é mau.
INQ Pois.
INF1 A gente tem que pedir a água. Por isso mesmo, a gente paga para ele…
INQ A esse juiz?
INF1 A esse juiz.