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UNS21

Unhais da Serra, excerto 21

LocationUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
SubjectO linho, a lã e o tear
Informant(s) Diamantino
SurveyALEPG
Survey year1997
Interviewer(s)Gabriela Vitorino
TranscriptionSandra Pereira
RevisionAna Maria Martins
POS annotationSandra Pereira
Syntactic annotationMélanie Pereira
LemmatizationDiana Reis

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INQ Como é que se chama?

INF Diamantino.

INQ E que idade é que tem?

INF Setenta e seis.

INQ E é daqui mesmo dos, de Unhais?

INF Natural de Unhais.

INQ Sim senhor. Andou à escola?

INF Tenho o exame dos [vocalização] adultos, a terceira classe.

INQ a fez era adulto.

INF E a fiz com muita dificuldade. estava casado.

INQ Pois.

INF Porque andava na Penteadora, e a, e o e o senhor prior, o senhor padre Alfredo obrigou a [vocalização] Pôs Até era um padre a dar escola. E tínhamos uma hora de escola todos os dias.

INQ Pois.

INF E então é que fiz o exame da da terceira classe.

INQ Sim senhor.

INF O exame dos adultos.

INQ Pois.

INF Porque, no meu tempo, [vocalização] então, não chegava

INQ Não se, não se

INF Às vezes, éramos Ainda andei Aos sete anos andava a varrer o tear, calcule. Aos sete anos! Aos oito anos, a encher canelas. E depois comecei nisto, até até que eu depois tive idade Andei nas fábricas de cardado. Andei nas fábricas de cardado ainda uns dois ou três anos. E depois fui para a Penteadora, trabalhei até aos quinze. Aos quinze anos, como disse, a minha mãe era era viúva, e eu era eu mais outro irmão , e depois eu, aqui nos teares ganhávamos mais do que se ganhava na Penteadora e eu me avinha com o tear os meus irmãos também eram tecelões ,

INQ Claro.

INF e depois saí da Penteadora e vim para o tear. Mas e depois isto em 1943 começou a dar para o torto. Nós íamos para a Covilhã como disse tecer a fazenda, e [vocalização] para o Tortosendo, e levávamos a fazenda tecida e trazíamos o dinheirinho. Mas, [pausa] e depois, [pausa] isto começou a evoluir e eles começaram a comprar teares mecânicos.

INQ Pois.

INF E tinham que comprar três alvarás. Destes teares Tinham que inutilizar t- inutilizar três teares destes para comprarem, para o para o governo autorizar a comprar um tear mecânico.

INQ Ah!

INF E isto depois começou a começaram a coisa, olhe, eu vendi o meu, era para comprar outro melhor, e coisa. Vendi o meu, de manhã, por um conto e duzentos, à n- à tarde me davam três contos. Depois começou a evoluir, chegaram a quinze contos e mais e [vocalização] , os alvarás. Mas não podiam pôr [vocalização]

INQ Pois, pois, pois.

INF comprar um tear mecânico sem inutilizarem três destes.

INQ É como agora fazem com os barcos.

INF Ai sim?

INQ Também queimam os barcos e Os barcos pequenos queimam-nos todos que é para depois poder comprar outros.

INF E depois E depois foi assim. E depois nós, é claro, como isto isto cascou Eles depois começaram a comprar os teares mecânicos, e depois, em vez de darem a fazenda para aqui, metiam-nos nas nas casas deles, a trabalhar, e e não davam para aqui.

INQ Claro.

INF não não deram para aqui. Eu como tinha andado na Penteadora e depois, nessa altura, faltava pessoal, fui para .

INQ Pois.

INF E depois comecei aqui tinha este tear; tinha , depois comecei a [vocalização] trabalhar na Penteadora e [vocalização] nas horas vagas é que comecei sempre a tecer disto. Nunca me faltou.

INQ Rhum-rhum.

INF E agora depois que me reformei, então, parece que ainda foi pior.Agora

INQ Pois.

INF É porque alguns havia alguns também a ficar velhos.

INQ Pois.

INF Iam Iam tecendo. Agora deixaram de tecer e agora parece que não Aqui no concelho da Covilhã sou eu e um no Paúl. Mas esse do Paúl tem um tearzito pequeno e gosta de andar [vocalização] pelas feiras [vocalização] e tal. anda nas feiras.


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