INQ1 Ó senhor Herodiano, e ce-, cevada não se cultivava?
INF1 Cevada? Para efeitos de quê? Pão?
INQ1 Sim.
INF1 Para efeitos, cevada branca, também. Também. Cevada branca, também se fazia pão. [vocalização] Fazia e hoje não sei… Ele também deixaram muito, e coiso. Mas houve altura até que a gente era obrigados. Eu ainda tive uma altura, quando trabalhava nos moinhos e moagens e coisas dessas, era tudo obrigado… Chamava-se a isso a mistura. Tinha que se fazer mistura. Era obrigado. Em cada cem quilos, tinha que se meter, por exemplo, dez por cento, ou de milho, ou de cevada branca. Era obrigado. Vocês já não são desse tempo. Foi numa altura em que houve racionamento. Estava tudo racionado, vocês já devem vocês devem ter ouvido falar nisso.
INQ2 Sim.
INF1 Era tudo racionado. Era por meio dum livro. Tínhamos Toda a casa tinha um livrinho, e coisa. E havia uma casa onde a gente ia lá dar contas, chamava-se a Comissão Reguladora. E [vocalização] depois lá vinha. A casa só tinha direito por semana a [vocalização] meio quilo de açúcar – conforme as pessoas que tinha –, [vocalização] só a dez quilos de farinha, [vocalização] só a meio quilo de massa, [vocalização] a um pacote de arroz. Tinha umas coisas, havia …
INF2 Um pacote, não. Nesse tempo nem sequer era paco- pacote.
INF1 Nesse tempo, não não havia pacote. Era duzentas e cinquenta ou meio quilo de arroz.
INF2 Duzentas e cinquenta.
INF1 Pois, houve um tempo desses. Eu já apanhei esse tempo.
INF2 Era um tempo que se vendia tudo avulso. Agora já não.
INF1 Tudo avulso.
INQ2 Claro.
INF1 Ainda apanhei esse tempo, o tempo do racionamento.
INF2 Hoje é tudo empacotado e é tudo pacotes já é de quilo.
INF1 Era tudo racionado, tudo, tudo, tudo, tudo. Pois.